A rede cearense de farmácias Pague Menos prepara abertura de capital para atrair investidores e manter seu ritmo de crescimento.
Desde que foi fundada, em 1981, pelo empresário cearense Francisco Deusmar de Queirós, a rede de farmácias Pague Menos vem apresentando um crescimento ininterrupto. Só em 2011, faturou R$ 2,8 bilhões. O problema, no entanto, é que o sucesso em relação ao ritmo das vendas não tinha correspondência na última coluna do balanço. Por conta das margens baixíssimas do setor, o lucro (apenas R$ 109 milhões em 2011) está se mostrando insuficiente manter o mesmo ritmo. Para driblar esse obstáculo, a empresa prepara sua abertura de capital, prevista para julho. “Com o aporte dos investidores, poderemos facilitar nossa expansão e seremos mais transparentes com o mercado”, diz Mário Queirós, diretor de planejamento.
Além disso, há uma razão de governança, já que o bloco de controle é familiar. “Se um herdeiro quiser se desfazer de sua parte, poderá vendê-la no mercado, beneficiando a empresa e evitando conflito em casa.” Apesar da grandeza, a rede já sente o peso da movimentação dos concorrentes. Até 2010, a Pague Menos, com 520 farmácias, era a maior do setor. O cenário mudou com as fusões entre Droga Raia e Drogasil e entre Drogaria SP e Pacheco, ambas no ano passado. A Pague Menos caiu para o terceiro lugar no ranking nacional por receitas. “A consolidação é uma tendência, porque grandes grupos conseguem preços menores e diluem custos”, diz Iago Whately, analista da Fator Corretora. No País, há 65 mil farmácias.
Desse total, 48% são pequenos estabelecimentos, que vêm fechando suas portas por conta dos altos custos de operação. A Pague Menos quer investir nesses espaços, mas sem associações como fizeram seus concorrentes. A semelhança fica mesmo pela opção de ir à Bovespa. A despeito da publicação do prospecto do IPO, a estreia na bolsa vai depender da precificação das ações, pelos potenciais investidores, trabalho que está sendo coordenado pela banco Itaú BBA – em 2011, a Pague Menos já havia recuado da ida à bolsa, em função da volatilidade do mercado. A postura continua igual. Segundo Queirós, um novo recuo não será uma catástrofe, apena manterá o crescimento da rede em marcha lenta. A Pague Menos quer crescer, mas sem um empurrão dos investidores vai ficar difícil.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro