Vendas da indústria de limpeza crescem puxadas pela classe C

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Moradores da região Sul gastam em média R$ 112,08 com a compra de itens de limpeza


A venda de produtos de limpeza deve movimentar R$ 15,2 bilhões neste ano no mercado interno, segundo dados do levantamento Pyxis Consumo, do Ibope. O volume é expressivo não só pela alta cifra, mas por refletir na prática as transformações sociais pela qual o Brasil vem passando. Com resultado positivo há anos, a indústria da limpeza vem sendo puxada pela grande estrela no consumo no Brasil: a classe C. Somente essa camada da população será responsável por 42% do total de artigos de limpeza comercializados neste ano no País.

A presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins (Abipla), Maria Eugenia Proença Saldanha, lembra que somente em 2011, sobre o ano anterior, o crescimento no faturamento foi de 6,7%. O resultado é fruto de uma conjuntura que alia o já consolidado crescimento na renda e aumento na oferta de produtos pelas fabricantes. “Na hora que a indústria começa a perceber que o mercado está se permitindo usar produtos do nicho de bem-estar, ela investe para ampliar o mix e oferecer para o consumidor aquilo que ele deseja, não só o que necessita”, explica a dirigente.

São justamente os desejos do consumidor que estão fomentando o incremento na linha de produtos e o aumento na comercialização de categorias mais novas na indústria brasileira. Maria Eugenia lembra que as classes C e D, tradicionais compradoras de produtos informais, passaram não apenas a optar por produtos formais básicos, como aqueles de maior valor agregado.  Enquanto no passado o consumo maciço era focado em produtos como água sanitária, desinfetantes e sabão em pó, atualmente o mercado absorve muito bem itens como multiuso perfumado, amaciantes de roupas, sabão de roupas líquido e aromatizadores de ar, alguns dos principais beneficiados pelo cenário. “Esse novo consumidor é aquele que se permite comprar produtos de bem-estar e não só de higiene básica, mas aqueles que dão uma sensação gostosa no ambiente e nas roupas”, afirma.

Além de apontar um volume significativo e crescente de vendas nos artigos de limpeza, a Pyxis Consumo mostra que a região Sul é a maior consumidora do segmento. Enquanto a média brasileira per capita está em R$ 93,77, nos três estados sulistas cada pessoa deve destinar R$ 112,08 para os mesmos produtos. O pesquisador do Ibope Antonio Carlos Ruótolo destaca que o crescimento do setor vem sendo uniforme nas regiões e que as disparidades entre estados são consequência de diferenças na renda. “Essa categoria cresce em virtude da ascensão social, e onde há esse processo há maior volume de compras”, argumenta Ruótolo. “E isso não é muito regionalizado, é no Brasil de uma forma igual”, acrescenta. 

O pesquisador alega que as mudanças de classe social, de C para B, por exemplo, implicam em uma mudança drástica nos hábitos de consumo, principalmente em itens básicos, como alimentação e os próprios produtos de limpeza. Ruótolo acredita que esse crescimento seja sustentado, com as indústrias de limpeza em contínuo desenvolvimento nos próximos anos. “A não ser que a economia tenha um grande problema, vamos ter um crescimento motivado, principalmente, pelo poder de compra”, diz.

Rio Grande do Sul tem desempenho positivo no setor

O maior consumo nos materiais de limpeza não é sentido apenas estatisticamente em pesquisas. A indústria e o comércio sentem diariamente o efeito da maior demanda da classe média, em movimento que impulsiona ganhos e inovação nos produtos. O presidente da Girando Sol, Gilmar Borscheid, afirma que nos últimos anos o crescimento é constante, sempre de dois a três dígitos acima do PIB. “A gente percebe nitidamente que os produtos de valor agregado estão ganhando espaço”, afirma.

Borscheid explica que os limpadores perfumados e sabão de roupa líquido, os itens mais recentes do portfólio com incremento de 40% nas vendas, passaram a ser fabricados graças a uma lacuna determinada pelos próprios consumidores. O movimento, propício para investimentos, está levando a companhia a revitalizar os produtos. Está em andamento processo de elaboração de novas embalagens e rótulos, com objetivo de se aproximar ainda mais do público consumidor da marca, majoritariamente das classes B e C.

O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, lembra que 70% do total de produtos de limpeza são vendidos nos estabelecimentos representados pela entidade no Estado. Nos supermercados, a categoria cresce de 8% a 10% ao ano. Longo destaca que o desempenho oportuniza que empresas do Rio Grande do Sul ganhem espaço na preferência dos compradores. “Temos uma indústria regional bastante forte, que compete de igual para igual com as multinacionais dentro do Estado.”



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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