Frio eleva as vendas das confecções

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Fabricantes do Sul de Minas comercializaram, em média, 10% mais que no mesmo período do ano passado.


O frio, que neste ano chegou mais cedo, aquece os negócios dos fabricantes de malha e tricô no Sul de Minas. Segundo a Associação Comercial e Industrial de Monte Sião (Acims), as vendas da coleção de inverno superaram em 10% as do ano anterior, o que incrementou a produção em igual proporção. A Acims também informa que o bom desempenho impulsionou a contratação de temporários. Entre janeiro e julho, o setor, que normalmente emprega 8.500 trabalhadores, ampliou o quadro de funcionários em 15%.

O aumento das vendas observado na Mariá Tricot, em Jacutinga, cidade vizinha a Monte Sião, ficou acima do esperado. Conforme o sócio-proprietário da empresa, Rafael Detoni, o nível de encomendas, frente ao inverno anterior, aumentou 30%. "As temperaturas, que começaram a cair no início de maio neste ano, ajudaram, mas a estabilidade econômica também favoreceu a alta", afirma o empresário.

Para conseguir alavancar as vendas, a empresa ampliou seu mercado consumidor, que, em 2012, passou a englobar os três estados do Sul do país: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Para isso, foram contratados seis novos representantes de venda, dois para cada localidade. A fim de encerrar a estação com chave de ouro, já que os últimos pedidos são entregues em julho, a Mariá participa da Festimalha, importante feira para os comerciantes do setor.

Na Diguete Tricot, de Monte Sião, a alta nas vendas e na produção também superou as do mercado e ficou em 15%. A produção, em torno de 150 mil peças, passou para 170 mil, o que demandou a ampliação da equipe de 70 funcionários. Para a estação, foram contratados dois novos profissionais para a confecção, enquanto outros dois foram contratados para trabalhar diretamente nas vendas.

Além disso, o proprietário, Rodrigo de Breno Sousa, aposta em estratégias com o objetivo de fortalecer a imagem da marca junto à clientela. Entre elas, estão as vendas on-line, participação em feiras e a produção de um catálogo, que ajuda a divulgar as principais novidades de cada coleção. "Também investimos na instalação de outdoors em Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre, cidades onde ficam nossos principais clientes", acrescenta o empresário.

Na Helton Malhas, com fábrica e quatro lojas em Jacutinga e uma em Monte Sião, as vendas e a produção cresceram 18% em relação ao exercício anterior. Com isso, a produção de peças de inverno, que em 2011 ficou em 140 mil, saltou para 162.200. Mas para atender ao maior número de pedidos a empresa não contratou temporários.

Conforme o supervisor de vendas, Milton Ribeiro da Costa, o ritmo se mantém intenso nas quatro estações. Isso porque parte do que é fabricado aqui, 35%, se destina a oito países europeus: Alemanha, Espanha, França, Holanda, Irlanda do Norte, Inglaterra, Portugal e Suíça. Portanto, quando os termômetros no Brasil voltam a subir a empresa concentra esforços para agradar aqueles clientes que ficam do outro lado do mundo. "A penetração dos nossos produtos na Europa ocorre por meio da participação em feiras", diz Costa.

No Brasil, as roupas da Helton Malhas se dividem igualmente entre a região Sul, São Paulo e Minas Gerais. Para agradar a tantos perfis diferentes, a companhia produz 380 modelos diversos. "A Europa e o Sul do Brasil são mais exigentes e, por isso, preferem modelos mais elaborados. Em contrapartida, o cliente paulista e o mineiro preferem aqueles mais básicos, voltados para o dia a dia."


Diferencial para enfrentar a China


Segundo a Associação Comercial e Industrial de Monte Sião (Acims), a concorrência desleal com os produtos chineses impede que os negócios das confecções do Sul de Minas alcancem uma variação positiva ainda mais significativa. A fim de evitar que os produtos provenientes de países asiáticos conquistem ainda mais espaço e, com isso, prejudiquem os produtores locais, as 1.500 empresas de Jacutinga e Monte Sião optam por um produto diferenciado, com design mais inovador e criativo.

O presidente da Associação, João Tadeu Dorta Machado, reforça que se trata de um diferencial não apenas frente aos produtos chineses, como também com relação a outros polos. "A variedade produzida aqui é certamente maior. Por termos tantas confecções, o nosso preço também é mais baixo, mas ainda é difícil competir com a China, que tem uma oferta bem maior de matéria-prima e mão de obra. Quem atua no setor aguarda uma decisão mais assertiva do governo com relação à entrada desses bens no país", reivindica.

A forte competição, que continua avançando, fez com que os fabricantes cortassem sua expectativa de aumento pela metade em 2012 com relação a 2011. No ano anterior, os fabricantes esperavam aumento de 20% frente a 2010. Mas a alta ficou de apenas 10% devido, principalmente, à base forte de comparação. Com isso, neste exercício, trabalhou-se com uma expectativa mais comedida, de 10%.


Veículo: Diário do Comércio - MG


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