A demanda por leite e derivados no país continua forte e a tendência é que permaneça em crescimento
O aumento da renda da população e os investimentos das indústrias lácteas na variedade de produtos têm contribuído para alavancar a produção de leite e o faturamento da cadeia em Minas Gerais e demais estados produtores. De acordo com o estudo da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Associação Leite Brasil), o mercado brasileiro de leite e produtos lácteos faturou, em 2010, R$ 44,5 bilhões. Esse número representa um crescimento de 17,1% em relação a 2009, quando foram registrados R$ 38 bilhões.
O receio da cadeia está em torno do crescimento da participação de produtos irregulares, que no ano passado representou 23,9% do faturamento total do setor lácteo.
A pesquisa é relevante para Minas Gerais, isso pelo Estado possuir a maior bacia leiteira do país, respondendo por quase um terço da produção nacional. São aproximadamente 7,9 bilhões de litros por ano, o equivalente a 27,2% do que é produzido em todo o Brasil.
De acordo com o presidente da Associação Leite Brasil, Jorge Rubez, apesar do aumento do consumo, o faturamento do setor ainda convive com o incremento significativo no comércio de produtos informais. Segundo os dados da associação, a valorização do setor é positiva, porém, o que é preocupante é o fato de os produtos informais representarem a principal fatia do faturamento desse mercado, com faturamento anual de R$ 10,6 bilhões.
"A importância econômica do leite informal mostra a necessidade de uma maior fiscalização do governo e a criação de campanhas de esclarecimentos à população sobre os riscos de consumir esse tipo de alimento. Um modo dos governantes estimularem a comercialização de leite inspecionado é adotar políticas de incentivo à tecnologia e fomento à produção rural e industrial", disse Rubez.
Categorias - O faturamento dos produtos não fiscalizados se divide nas categorias de queijos informais com faturamento de R$ 5 bilhões, seguido por leite fluido informal com R$ 4,2 bilhões e outros produtos informais R$ 1,4 bilhão. A participação no total do faturamento do setor lácteo é de 23,9%.
Ainda segundo a pesquisa, em 2010 o faturamento obtido com a comercialização de leite e derivados informais apresentou alta de 35,1% frente os resultados de 2009. O incremento é justificado, segundo Rubez, pela ampliação dos preços médios e a falta de fiscalização aos estabelecimentos informais.
"O que falta nas regiões produtoras de leite do país é o aumento das fiscalizações. O modelo utilizado pelos órgãos públicos hoje incentiva a produção ilegal, uma vez que os estabelecimentos regulamentados são os mais fiscalizados, enquanto não existe trabalho efetivo para combater a comercialização dos produtos informais", disse Rubez.
Mesmo enfrentando a concorrência dos lácteos irregulares, os produtos regulamentados também apresentaram resultados positivos. Os principais destaques em relação à expansão ao longo de 2010 foram os queijos e requeijão, com alta de 24,1% no faturamento, e o leite em pó, que teve incremento de 22,7%. Já o crescimento do leite longa vida foi de 5,1%. O leite pasteurizado foi o único segmento que apresentou queda de 3,3% no faturamento.
O estudo da Leite Brasil indica ainda que, se considerado apenas o volume de leite e produtos lácteos inspecionados, o setor contabilizou em 2010 um faturamento de R$ 33,9 bilhões. Assim, o segmento leiteiro ficou atrás apenas dos setores de carne e açúcares, que faturaram no mesmo ano R$ 66,4 bilhões e R$ 37 bilhões, respectivamente.
O principal diferencial entre esses segmentos, de acordo com Rubez, é que os setores de carnes e açúcar são fortes no mercado externo, enquanto o de leite e derivados é predominantemente abastecedor do mercado interno, com 99% de suas receitas originadas no Brasil.
"A demanda por leite e derivados no país é forte e a tendência é que continue em crescimento. Hoje em dia, os 30 bilhões de litros de leite produzidos anualmente no país são praticamente absorvidos pelo mercado interno. O consumo per capita cresceu substancialmente nos últimos 10 anos, passando de 140 litros para 161 litros per capita anual", disse.
Veículo: Diário do Comércio - MG