Apicultura ajuda a fixar carbono

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Fazer com que o consumidor entenda não apenas de que forma um produto foi feito, mas a maneira como ele contribui para o bem-estar da sociedade é o novo desafio da economia da floresta. A produção de açaí, de cacau nativo, andiroba, mel, castanha, entre outros, é garantia de que a floresta vai permanecer em pé. Contribui, com isso, para uma série de fenômenos dos ecossistemas como regulagem do clima e purificação do ar. A lógica seria que estes produtos tivessem um valor agregado.

"Mas quem está nos centros urbanos desconhece estes serviços ecossistêmicos e a importância das comunidades das florestas para sua manutenção", diz Richardson Ferreira Frazão, coordenador dos programas Casa da Virada e Abelhas Nativas e Populações Tradicionais do Instituto Peabiru. "São essas atividades que vão preservar a floresta, pois parte da madeira extraída da Amazônia ilegalmente vem desses pequenos produtores."

O cálculo de quanto estes produtos representam em termos de fixação do carbono está sendo feito na área de floresta onde estão as comunidades do projeto Abelhas Nativas, do Instituto Peabiru, programa de capacitação técnica em meliponicultura para comunidades tradicionais. O projeto foi criado em 2004, com 90 famílias, a partir da visão de que a abelha sem ferrão poderia ser um incremento na renda familiar e uma forma de conservar a floresta. Hoje, 340 famílias já foram capacitadas para a produção de mel numa área de 17 mil hectares. A área abrange desde o Nordeste Paraense até os indígenas do Oiapoque e Calha Norte. A criação de abelhas faz com que a população cuide de suas árvores.

Os números começam a ficar claros. Os resultados poderão ser aproveitados para outros projetos, como o Almeirim Sustentável. Segundo Frazão, os 17 mil hectares armazenam 600 mil toneladas de carbono que seriam liberados na atmosfera. De acordo com o especialista, para cada quilo de mel produzido é possível fixar 16 quilos de carbono. O conjunto de 30 famílias manejando cada uma 85 colmeias de abelha consegue fixar 166 toneladas de carbono.

O cálculo é feito a partir de dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Fundo Amazônia. São contas que analisam a área e a capacidade de fixação do carbono. De acordo com as estimativas, cada hectare de floresta tem como unidade básica 100 toneladas de carbono. "Ninguém vai pagar de fato para a floresta ficar em pé. Mas deveria pagar pelo mel que demonstrar que é inclusivo, pois é um produto econômico de base extrativista", diz o coordenador. "Não podemos separar esse serviço regulatório que está nas mãos das comunidades de seus produtos."

O programa Abelhas Nativas foi possível graças a uma tecnologia que permite às comunidades manejarem a reprodução das abelhas. A produção acontece dentro de uma caixinha com algumas gavetas que imitam uma colmeia. Num determinado momento, retira-se a gaveta que carrega parte dos ovos do inseto e permite o início de uma nova "colmeia". (GP)



veículo: Valor Econômico




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