Faça uma busca on-line por "odeio crocs". Você verá prontamente por que a Crocs está interessada em transcender os deselegantes tamancos que lançou sobre um mundo incauto onze anos atrás.
Os blogueiros denunciaram o Crocs como feio e como um risco de tropeçar na escada rolante. Uma página do Facebook se chama "Let's Burn Crocs!" ("Vamos Queimar Crocs!")
O CEO John McCarvel, sabe muito bem do ódio ao Crocs e de como isso complica sua estratégia de atrair novos clientes e duplicar as vendas em cinco anos. Os tamancos ainda geram 47% das vendas porque muitas pessoas gostam deles, principalmente profissionais da área de saúde e crianças.
Mas, para alcançar sua meta, McCarvel precisa convencer os que odeiam o produto a comprar os outros calçados da empresa. É por isso que a Crocs está contando ao mundo tudo sobre seus sapatos anabela, tênis e rasteirinhas tipo balé com estampa imitando pelo de leopardo. Também é por isso que a empresa está pondo Crocs no fundo das lojas, como os supermercados fazem com o leite.
"Nosso leite são esses tamancos", disse McCarvel. "Se alguém os quer, que passe primeiro por todas as coisas novas." A McCarvel, que se tornou CEO em 2010, tem sido atribuído o mérito de ter contribuído para revitalizar a empresa, sediada nos EUA, e de fazê-la voltar ao lucro. Mas, embora as vendas tenham crescido 12% em 2012, para US$ 1,12 bilhão, e o lucro líquido tenha sido o mais alto desde 2007, os investidores estão temerosos.
Eles viram as ações ultrapassarem em disparada os US$ 70 e a Crocs alcançar um valor de mercado de US$ 6 bilhões. Um ano depois os resultados caíram em meio à crise financeira, à concorrência de imitações baratas e à propensão da empresa de vender Crocs em todo lugar, inclusive em postos de gasolina. Em novembro de 2008 as ações estavam sendo negociadas a menos que US$ 1. Desde então as previsões da empresa revelam grandes oscilações.
"A história certamente é diferente do que era alguns anos atrás, e algumas pessoas ainda não entenderam do que se trata agora", disse o analista Michael Swartz, da Sun Trust Banks, de Atlanta.
A Crocs pretende abrir 90 unidades no mundo inteiro este ano. Metade delas se localizará na Ásia, onde as vendas deram um salto de 34% no primeiro trimestre. Isso aumentará o total de unidades em 20%, para mais de 500. Em 2011, a Crocs tinha a metade disso.
Os mercados externos são fundamentais para o crescimento da empresa, diz McCarvel. Ele destacou que a empresa tem pouca presença em várias regiões de clima quente, que poderiam contribuir para seus negócios não serem tão sazonais, porque em lugares como Kuwait e o Brasil as pessoas usam sandálias o ano inteiro. Oriente Médio, América Central e América do Sul respondem apenas por cerca de 8% do total de vendas.
Mas a Crocs também não está contando apenas com climas quentes para continuar crescendo. A empresa teve bom desempenho na Rússia porque os consumidores do país não conheceram a Crocs como a empresa dos tamancos feios; eles abraçaram, primeiramente, suas botas com forro de pele. E na China, onde as vendas vão ultrapassar os US$ 100 milhões este ano, após a empresa ter ingressado no país em 2006, a Crocs é mais conhecida como marca americana semelhante à Starbucks, sem o histórico de ser um deslize da moda, disse McCarvel, que ingressou na Crocs em 2004 e comandou sua expansão na Ásia antes de se tornar CEO. (Tradução de Sabino Ahumada)
veículo: Valor Econômico