Disputa acirrada pela Credicard

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Operadora de cartão de crédito, cujo valor é estimado em até R$ 3 bi, é alvo do Itaú Unibanco, Bradesco e Santander

Brasília – O mercado de cartões de crédito vai mudar no Brasil. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander entraram em uma disputa pela aquisição da Credicard, empresa que até agora é controlada pelo Citibank e cujo valor é estimado entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Banco do Brasil e BTG Pactual também analisaram a possibilidade de fazer uma oferta, mas desistiram. O vencedor da operação pode ser anunciado no início de maio e, a depender de quem fizer a aquisição, a liderança no segmento, atualmente na mão do Itaú Unibanco, pode estar ameaçada.

A Credicard detém 4,7 milhões de cartões – de todas as compras feitas com o plástico no país, 4,5% são realizadas por ela. Atualmente, a instituição representa 10% do faturamento do setor no Brasil. Além do segmento de cartões, atua em financiamentos e crédito voltado para consumo, consignado e imobiliário. Desde 2008, com o estouro da crise nos Estados Unidos, o Citibank mudou a estratégia no Brasil. Decidiu diminuir a operação no varejo, onde a concorrência com os bancos públicos é pesada, e passou a atuar mais fortemente na área corporativa e com clientes de alta renda.

Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, ficou tão interessado na possibilidade da compra que se reuniu pelo menos duas vezes este ano com a cúpula do Citigroup. Para Setubal, além do ganho com a plataforma da Credicard e com os clientes, ele não quer ver ameaçada a liderança no segmento de cartões pelo Bradesco, seu principal rival na disputa. Atualmente, o Itaú detém 28% da participação de mercado e o Bradesco, empatado com o Banco do Brasil, 21%. Se a instituição presidida por Luiz Carlos Trabuco Cappi for vitoriosa nessa operação, o Bradesco passaria a ter 25,5% do mercado e a ameaçaria a liderança do Itaú Unibanco. Seria uma boa oportunidade ainda para alavancar a bandeira Elo.

 O Santander, que corre por fora na disputa, também fez proposta pela Credicard. O banco espanhol, se obtiver sucesso, vai aumentar sua fatia no mercado em 50%, saindo de 9% para 13,5%. Para a instituição, a aquisição é importante também para sinalizar para o mercado que os constantes rumores de que o Santander Brasil está à venda não passam de boatos. A compra, porém, pode ser um baque para as contas da instituição, que na Europa ainda passa por dificuldades.

VANTAGENS  “A compra da Credicard oferece vantagens competitivas para qualquer uma das instituições. Elas podem oferecer produtos para esses clientes e ainda tentar fidelizá-los”, observou Luís Roberto Troster, economista especialista no setor bancário. O Banco do Brasil desistiu da compra porque ainda tenta estancar os prejuízos do Votorantim. Além disso, executivos do BB não teriam encontrado sinergia suficiente entre o banco e a operadora de cartão.

A reportagem procurou o Citigroup, mas a instituição informou apenas que o “Citi não comenta rumores”. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander também não quiseram comentar a operação. O Itaú, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, deteve, até 2009, participação no capital da Credicard, mas se desfez dela e deixou o controle para o Citibank.



Veículo: Estado de Minas


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