Cartão pré-pago, controle de gastos e comodidade têm preço

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Conhecidos por guardar dólares, euros e quase todo tipo de moedas, os cartões pré-pagos também oferecem ao consumidor a possibilidade de controlar os gastos, sejam próprios ou de outras pessoas. Assim como os pré-pagos de câmbio, esses plásticos podem ser carregados em reais e podem ter uma senha para compras em estabelecimentos que aceitam determinada bandeira.

Oferecidos para quem não tem conta bancária e não quer portar dinheiro em espécie ou para quem vê vantagem em controlar a mesada do filho, a utilização destes cartões também gera despesas com tarifas diversas, como as de adesão, mensalidade, recarga, saque e segunda via. A Proteste Associação de Consumidores fez um teste com seis cartões diferentes que têm a finalidade de compras e mesada (veja quadro).

A conclusão é que o usuário do cartão que faz uma recarga mensal pode gastar de R$ 24 a R$ 60 por ano, dependendo do valor cobrado pela empresa emissora do cartão. O valor aumenta quanto mais recargas forem realizadas por mês. Outra tarifa de impacto, segundo o levantamento, é a de saques. Quanto mais retiradas, maior será o custo de manutenção do cartão.

Alternativa à conta bancária

A coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, diz que o pré-pago só compensa para quem não tem  conta bancária. "Vale mais para quem está em situações muito específicas, que impedem a abertura de uma conta em banco, como o bloqueio judicial. Para essas pessoas, o pré-pago é uma forma de não portar dinheiro vivo", afirma.

Maria Inês diz que o pré-pago é parecido com o cartão de débito e, assim, quem tem conta-corrente pode acabar pagando tarifas extras.

Um benefício que as empresas emissoras oferecem neste tipo de cartão é a comodidade de controlar os gastos de outra pessoa. Neste caso, a coordenadora da Proteste recomenda ao consumidor avaliar se os custos com tarifas compensam. Outra dica é pesquisar a política de cada empresa, já que nem todas cobram mensalidade pelo cartão.

Por ser novidade no mercado, o pré-pago ainda tende a ter aumento de concorrência, já que hoje nem todos esses plásticos são emitidos por bancos. A Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), que reúne dados sobre a indústria de cartões, ainda não monitora a quantidade de pré-pagos. Além disso, o governo está preparando uma medida provisória que vai regulamentar este meio de pagamento.

O aumento da concorrência entre os cartões pré-pagos deve baixar os preços das tarifas na opinião do consultor e educador financeiro André Massaro. "Este tipo de cartão ainda não é popular. Com pouca concorrência, as empresas costumam cobrar mais, até para sentir a reação do consumidor. Depois, a tendência é baixar os valores. Acredito que o custo dos pré-pagos tende a cair", afirma o consultor.

Além de verificar o valor das tarifas cobradas pelas emissoras, ele também recomenda ao consumidor que faça um pesquisa para verificar se a aceitação do pré-pago é ampla em estabelecimentos comerciais e de serviços. Na opinião de Massaro, o custo com tarifas é a única desvantagem para se manter um pré-pago atualmente.

Controle ou autocontrole

Massaro diz que o pré-pago pode ser útil para quem não consegue controlar os gastos com consumo. "Um dos benefícios é a possibilidade de fazer um autocontrole. No pré-pago não é possível entrar no limite do cheque especial ou no rotativo. Para os jovens é uma boa opção. É melhor dar um cartão deste do que um de crédito ou o próprio dinheiro", afirma.

O educador financeiro Mauro Calil também vê os pré-pagos úteis no controle do uso do dinheiro da pensão alimentícia. "Para quem tem esta despesa é interessante ver como o dinheiro está sendo usado", afirma. Ele lembra que as vantagens deste tipo de cartão dependem muito do perfil de cada pessoa.

Apesar de reconhecer que o pré-pago pode ser um instrumento de educação para o consumo, Calil faz uma ressalva: "É possível ver o extrato na internet, mas não existe uma fatura impressa para ser analisada. E nem todo mundo tem o hábito de checar a conta na internet antes de gastar. Então, há o risco de o usuário carregar e, quando o valor terminar, fazer uma nova recarga sem saber ao certo em que e quanto gastou. É mais ou menos o que acontece com o telefone pré-pago. No cartão de crédito essa relação com os gastos é diferente", afirma.

O educador diz que é preciso atenção com os valores cobrados pelas empresas. "Se for carregar R$ 100 e pagar R$ 30 de tarifa é complicado. Até mesmo porque existe cartão de crédito com anuidade zero. Quem for usuário de pré-pago deve pesquisar a melhor condição", afirma.

O pré-pago pode servir tanto a pessoas de baixa renda (e sem conta bancária) como também para as de alto poder aquisitivo, que querem controlar o consumo dos filhos e distribuir estes cartões para os empregados. Este segundo grupo é o que mais deve aderir a este meio de pagamento, segundo o vice-presidente de marketing do Grupo Confidence, Paulo Volpe. "Há inúmeras possibilidades para os pré-pagos. Ainda não exploramos 10% delas". Ele conta que o Grupo Confidence não cobra mensalidades nos pré-pagos. Um deles é o corporativo, no qual há a cobrança de 1% do valor da carga. "Para as empresas é interessante porque o cartão permite um controle online do uso", afirma. Outro pré-pago é o personalizado para o jovem na versão internacional (com adesão por

R$ 29) e doméstico (de R$ 25 a R$ 35). Volpe explica que algumas tarifas são repassadas, como a de saques. "Os bancos também cobram ao delimitar a quantidade de retiradas mensais nos pacotes de serviços que os clientes pagam. O saque embute custos com segurança, transporte de valores e seguro", conclui.



Veículo: Diário do Comércio - SP


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