Empresas buscam a própria imagem na rede Instagram

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Programa criado por empreendedores indianos permite às companhias medir presença de marcas em fotos no aplicativo


O Instagram é uma rede social em que pipocam incontáveis fotos de pratos de comida, gatinhos e asas de avião. No total, 40 milhões de imagens são publicadas todos os dias no aplicativo. Em meio a essa infinidade, logomarcas aparecem milhões de vezes. O indiano Deobrat Singh, de 28 anos, sabe disso - e as encontra facilmente.

Ele desenvolveu, com mais dois colegas indianos, um software que está despertando a atenção de profissionais de marketing e da ciência da computação. O programa consegue captar logomarcas até mesmo nos cantos mais escondidos das fotos e, portanto, oferece a possibilidade de as empresas saberem algo muito difícil quando o assunto é rede social: o que os consumidores estão falando delas em forma de imagens.

Em conversa por telefone com o Estado, Singh explicou que, em agosto, num primeiro teste feito com a marca do Starbucks no Twitter (rede em que texto aparece com mais frequência que foto), foram encontradas 8 mil imagens apenas em um dia. Todas exibiam os copos em que os funcionários da cafeteria escrevem os nomes dos clientes.

Depois, os jovens fizeram um teste com a logomarca da Coca-Cola. Novamente, milhares de imagens foram encontradas. Eram fotos de pessoas comuns, com camisas ou garrafas do refrigerante, em cenários variados. "Percebemos que existia uma consistência no comportamento das pessoas. Elas fazem muito isso (exibir marcas em fotos)."

O próximo passo foi transferir o experimento para o Instagram, aplicativo apenas de imagens que tem 100 milhões de usuários ativos mensais. Cientes de que o volume de fotos com marcas compartilhadas era gigantesco, os indianos resolveram criar a empresa (Gazemetrix) e lançar o produto em dezembro. Para ganhar notoriedade e clientes, dividiram a equipe de seis pessoas entre Nova Délhi, na Índia, e Mountain View, cidade sede do Google.

O primeiro cliente, no entanto, veio da Turquia. Uma agência de publicidade do país está usando o software para monitorar algumas marcas na região, entre elas a Coca-Cola, a loja de artigos esportivos Foot Locker e o cereal Cheerios. Agora, a Gazemetrix está em conversa com várias marcas e diz ter propostas de aporte financeiro de alguns fundos. Ela já recebeu US$ 140 mil em capital semente (para empresas iniciantes) e o próximo investimento, ainda em negociação com a 500 Startups, deve passar de US$ 700 mil.

Mencionado pelo MIT Technology Review, site de notícias do Massachusetts Institute of Technology (MIT), como o possível "futuro do marketing", o software usado pela Gazemetrix pode ser compreendido como uma das áreas mais quentes da chamada "visão por computador".

Desafio. O doutor em ciência da computação e professor da Unicamp Eduardo Valle é um dos especialistas em visão por computador no Brasil que trabalha com tecnologias de identificação de imagens. Ele explica que capturar imagens nas redes sociais é mais complicado do que filtrar textos. "Uma imagem de 5 megapixels tem 5 milhões de quadradinhos, de cores diferentes, que não têm significado individualmente." O desafio, segundo o professor, é criar milhares de "assinaturas" (agrupamento de vários pontos de imagem) que identifiquem com precisão uma logomarca.

Para uma empresa, acompanhar a repercussão de sua marca por imagens é mais eficiente do que por hashtags (termos que os usuários escrevem ao lado do sinal #). Elas são uma forma de o usuário ter seu perfil exposto e, por isso, muitos as usam aleatoriamente e praticamente se transformam em spam. Ao "varrer" o Instagram, por exemplo, em busca de #Coca-Cola, milhares de fotos que não têm nenhuma relação com a marca aparecem, como mostrou Singh à reportagem durante demonstração do software via acesso remoto. Pôr do sol e imagens da natureza estavam entre os resultados.

O mercado de análise de dados em mídias sociais voltado para marcas tem crescido nos últimos anos. Statigram e Nitrogram, por exemplo, são empresas que monitoram hashtags e ajudam marcas a promover concursos de fotos. Já a Curalate filtra fotos de marcas compartilhadas na rede social Pinterest. A capacidade de ver o que está dentro das fotos, segundo Singh, é o que diferencia a Gazemetrix das outras.

Cerca de 800 usuários (entre agências e profissionais) se cadastraram no site da Gazemetrix para testar o produto da empresa. Singh conta que, entre elas, há algumas brasileiras.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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