Software auxilia as equipes de segurança

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Não adianta usar bigode falso e peruca. Ao passar várias vezes em certas áreas de um shopping, a câmera de segurança capta a imagem do rosto da pessoa e um software de reconhecimento facial alerta a equipe de segurança sobre um suspeito que esteja avaliando o terreno para um possível assalto. É o sistema que já está em funcionamento em um shopping brasileiro, afirma o diretor de Relações Institucionais da Associação de Lojistas de Shoppings (Alshop), Luis Augusto Ildefonso. "O segredo da segurança é ter os melhores equipamentos e não falar que os tem. É a precaução, não o gerenciamento da crise", explica o executivo, ao evitar a identificação do centro comercial. O seu principal objetivo é pegar o ladrão antes do assalto.

A evolução tecnológica é importante para essa indústria, responsável por 18% do faturamento total do varejo do País, manter-se como uma ilha de segurança na cidade. Com 828 shoppings em todo o país e um público mensal de 450 milhões de consumidores, lentamente a segurança pública estreita laços com os empreendimentos privados para prevenir assaltos. E especialistas garantem que o equilíbrio entre o uso da tecnologia, o treinamento de seguranças e a integração com a polícia são os principais desafios para o setor enfrentar a ousadia dos ladrões.

Um levantamento feito pelo pesquisador criminal e consultor em segurança Jorge Lordello, com base em notícias de jornais, aponta que em 2010 foram divulgados 97 assaltos em shoppings de todo o Brasil, sendo 49 em joalherias. Essas ocorrências caíram para 68 em 2011, 44 em 2012 e 18 até março de 2013. Em sua opinião, esses crimes levaram os empresários a perceber que segurança é investimento e não custo. "De 2010 para cá, os shoppings passaram a fazer investimento tanto em equipamento quanto em material humano, algo bem superior ao que existia anteriormente, movidos por ocorrências que se repetiram", explica.

Ildefonso, da Alshop, afirma que hoje a segurança é a segunda maior rubrica de investimentos dos shoppings. O Shopping Eldorado, do grupo Ancar Ivanhoe, aplica 20% de seu orçamento em segurança. E, segundo o gerente de segurança do Eldorado, Nelson Barbosa Jr, o shopping recentemente fez um investimento de R$ 1,5 milhão para adquirir uma nova infraestrutura e equipamentos modernos de monitoramento. "Os resultados do shopping com relação à segurança estão em níveis positivos, quando se leva em conta um público estimado em 1,2 milhão pessoas/mês", afirma. "Há um trabalho muito forte em gestão de riscos, buscando a identificação e reduzindo a probabilidade de concretização (de crimes)."

O temor causado por esses crimes levaram a Alshop a criar um Fórum de Segurança em 2010 - o último foi realizado no dia 20 de março, em São Paulo. O setor reivindica dos governos estaduais a criação de delegacias especializadas em ocorrência em shoppings, o que em São Paulo deve ser criado em breve. "A ideia está sendo amadurecida e deve acontecer rapidamente em determinados estados do Brasil", diz Ildefonso.

A segurança em shoppings é, em sua maioria, terceirizada. Empreendimentos menores trabalham com pessoal próprio. Já a REP Centros Comerciais, dona de shoppings como os de Hortolândia e Valinhos, no interior de São Paulo; Bay Market, no Rio; e Mais Shopping - Largo 13, em São Paulo mantêm grupo misto com pessoal próprio no centro de comando e cargos de liderança e vigilância terceirizada. "Estamos fazendo um levantamento de todos os pontos críticos, padronizando normas de procedimento, implantando planos de ações no entorno e dentro dos shoppings. Trabalhamos mais na parte cultural, de procedimentos internos", explica o coordenador de segurança da REP, Raul Sacchi Neto.

Segundo ele, além das câmeras de monitoramento e de toda tecnologia proporcionada, os lojistas dos shoppings da REP também podem acionar a central de segurança em caso de movimentos suspeitos, tudo interligado com os seguranças que rondam os corredores. "Nosso desafio é não ter ocorrência, um assalto, um incêndio. Tudo tem de ter planejamento antecipado."

Para o diretor de operações da Verzani & Sandrini, Ademar Pereira Barbosa, o principal desafio dos shoppings é conseguir o equilíbrio entre o treinamento de pessoal e tecnologia. "Quando há tecnologia dando suporte ao elemento humano, forma-se um cojunto que tende se aproximar da perfeição", diz o executivo.

Como a tecnologia avança, o treinamento do pessoal passa a ser a chave para a segurança do shopping, que tem características sensíveis uma vez que trabalha com um público diversificado. "O equilíbrio do homem de segurança é o grande desafio para criar um profissional completo, preparado em leis, em contenção de pessoas, e ao mesmo tempo ser aquele agente gentil com a vovó que está perdida."

O consultor em segurança da Gocil, Sergio Paulo Ehrlich, concorda. "É a união do homem, do sistema de alarme e do processo de atuação', diz Ehrlich. "É a inteligência do shopping, que é diferente de uma indústria onde o segurança pode ostentar uma arma. Se fizer isso num shopping, assusta o público", diz.



Veículo: Valor Econômico


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