Endividamento de teles atrai atenção

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As operadoras de telefonia móvel que têm ações negociadas na Bovespa - Oi, TIM e Telefônica/Vivo - iniciam hoje a divulgação dos resultados do primeiro trimestre. O balanço da Oi está previsto para hoje, após o fechamento do mercado. TIM divulga seus resultados amanhã pela manhã e a Vivo, no dia 7 de maio. Alguns indicadores levaram analistas de mercado a estimar resultados tímidos para as companhias no trimestre. Uma das incertezas de analistas refere-se ao nível de endividamento que as teles alcançaram até março.

Um dos fatores avaliados foi o crescimento de 5,3% no número de celulares em uso no país, de janeiro a março, ante uma expansão de 14% no ano passado, que vai implicar um crescimento mais tímido das receitas. A telefonia móvel representa em torno de 35% da receita da Oi, 63% do faturamento da Vivo e praticamente 100% da receita da TIM. Resta saber como foi o desempenho de vendas de planos de dados para telefonia móvel, TV por assinatura e banda larga. De acordo com dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em fevereiro, o mercado de TV por assinatura cresceu 25% no país, sendo que a Oi teve uma expansão de 117,9% no número de assinantes e a Telefônica, uma queda de 19%.

Além do crescimento mais fraco na telefonia móvel, a redução de 8,77% na remuneração de uso da rede do serviço móvel, que começou a vigorar em fevereiro, é outro fator que levará as teles a um resultado mais fraco no trimestre.

Diante desse cenário e dos planos de investimento agressivo das operadoras para expansão das redes de terceira e quarta gerações (3G e 4G), analistas de mercado atentam para o nível de endividamento que as companhias alcançaram no primeiro trimestre - particularmente a Oi, que precisa manter uma dívida líquida equivalente a até três vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para manter a distribuição de R$ 2 bilhões em dividendos. No fim de 2012, essa relação já estava em 2,84.

Em março, a Oi anunciou a emissão de notas promissórias e debêntures, no total de R$ 2,7 bilhões, para refinanciar dívidas e investir em projetos. Um analista de um grande banco, que preferiu não se identificar, considerou que a nova emissão poderá favorecer os resultados da Oi. "Qualquer medida que ajude a alongar o perfil da dívida é positiva", afirmou.

Alex Pardellas, analistas da CGD Securities, ponderou em seu relatório que a Oi tem 39 prédios, avaliados em R$ 300 milhões, para serem vendidos neste ano, e 4 mil torres, que podem elevar o programa de vendas a R$ 1,5 bilhão neste ano. Pardellas considerou que as vendas desses ativos podem contribuir para reduzir o endividamento até o fim do ano.

Também pesam sobre a Oi incertezas sobre a nomeação de seu novo presidente. Após a demissão de Francisco Valim, em janeiro, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha assumiu a presidência de forma interina. Por enquanto, não há previsão de a companhia anunciar uma substituição definitiva.

No acumulado do ano, as ações preferenciais da Oi acumulam queda de 31,95%. Em 12 meses, a tele perdeu R$ 11,7 bilhões em valor de mercado baseado no preço das ações, segundo cálculo do Valor Data. A média das projeções de 11 analistas para a Oi é de aumento de 4,9% em receita, para R$ 7,13 bilhões, e queda de 54% no lucro líquido, para R$ 157,7 milhões. A dívida líquida é estimada em R$ 26,71 bilhões, com alta de 53% ante o primeiro trimestre do ano passado.

A Telefônica/Vivo também anunciou a emissão de debêntures de R$ 1,3 bilhão. Analistas consideraram que a companhia vai alongar o perfil da dívida, mas não há temores sobre um aumento muito forte na dívida líquida. O nível de endividamento é acompanhado pela matriz, que tem como meta reduzir sua dívida global de € 51,26 bilhões para € 47 bilhões até o fim do ano. Em fevereiro, a operadora distribuiu R$ 1,65 bilhão em dividendos, relativos a 2012. O Credit Suisse estima que essa distribuição contribuirá para aumentar a dívida líquida da operadora no primeiro trimestre deste ano.

A Telefônica foi a que mais se valorizou na bolsa. No ano, as ações preferenciais acumulam alta de 13,17%. O valor de mercado está em R$ 57,6 bilhões, com perda de R$ 900 milhões em 12 meses. O Bank of America Merrill Lynch (BofA) projeta ganho de 2% na receita, para R$ 8,47 bilhões, e queda no lucro de 2%, para R$ 976 milhões.

A TIM foi a única que encerrou 2012 com uma geração líquida de caixa positiva de R$ 151 milhões, resultado de um saldo de caixa superior ao endividamento líquido de R$ 3,9 bilhões no ano passado. Rogério Tostes, diretor de relações com investidores da TIM, disse considerar a situação "confortável". Ele afirmou que muitos investidores preferem grupos que se financiam no mercado, devido ao custo mais baixo que o investimento com capital próprio. Mas observou que a TIM tem aprovados quase R$ 4 bilhões do BNDES e do Banco Europeu de Investimento.

No ano, as ações acumulam alta de 1,83%. O BofA projeta para a TIM ganho de 7% na receita, para R$ 4,8 bilhões, e alta de 39% no lucro líquido, para R$ 383 milhões.



Veículo: Valor Econômico


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