Hypermarcas foca em crescimento orgânico

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A Hypermarcas completou na última semana seu primeiro ano no mercado de capitais e, apesar do incremento considerável na receita líquida no período, as ações da companhia praticamente andaram "de lado" na BM&F Bovespa. O comportamento não é negativo considerando a turbulência da economia mundial no período, mas aponta que a empresa ainda não conseguiu repetir no mercado acionário a mesma agressividade com que dirige suas operações.

 

Mas o diretor de relações com investidores da companhia, Martim Prado Mattos, destaca que, no comparativo com o Ibovespa, a variação da ação é positiva, assim como o balanço deste "aprendizado" de sociedade anônima. "A visibilidade da empresa é muito maior hoje, entre investidores, mercado e mesmo entre nossos clientes. Muitos conheciam as marcas, mas não necessariamente a companhia."

 

Para o diretor, manter a operação aberta não apenas não atrapalhou negociações de compra - por conta da possível especulação de mercado - como facilitou ainda mais o processo. "Temos mais flexibilidade para aquisições, já que as ações viram moeda de troca, além do pagamento de recursos à vista", ressalta, lembrando que uma das aquisições estratégicas recentes, a Farmasa, se deu exatamente por troca de ações. Agora, a companhia está voltando os olhos para o crescimento orgânico, ainda que analisar empresas e operações faça parte de seu dia a dia. Um exemplo é o lançamento da linha de desodorante na marca Monange, segmento não trabalhado anteriormente.

 

No balanço consolidado de 2008, a empresa apresentou uma receita líquida de R$ 1,33 bilhão, contra R$ 837,44 milhões no ano anterior. Entretanto, o resultado líquido encolheu de um lucro de R$ 58,83 milhões para um prejuízo de R$ 207,88 milhões.

 

Para o analista José Góes, da Alpes Corretora, a empresa deve se beneficiar do movimento de queda da taxa de juros, e conta a favor ter marcas de peso e participação de mercado relevante, com produtos de preço baixo. "Não me parece uma ação muito barata em bolsa, mas está listada no Novo Mercado, o que é indicativo de boa governança. O que o investidor deve ficar de olho é na administração do endividamento da empresa nos próximos meses", considera o analista.

 

Mattos considera que um endividamento saudável respeita um múltiplo de duas a duas vezes e meia seu Ebitda (medida de geração de caixa) e afirma que a dívida total da empresa de R$ 1,3 bilhão (em dezembro) é de baixo custo. "Cerca de dois terços é de dívida com ex-acionistas, com pagamentos parcelados e sem juros. Além disso, ficamos mais agressivos na proteção da dívida dolarizada, com hedge até 2010", diz o diretor.

 

A mudança de regras contábeis também deve beneficiar os números da empresa, o que poderá ser visto de forma mais clara no balanço do primeiro trimestre, agendado para 11 de maio. Conforme a Lei 11.638, o ágio proveniente das aquisições não precisa mais ser amortizado entre cinco e 10 anos. "Considerando o lucro líquido caixa (exclui a amortização), o crescimento foi de 90% em 2008", afirma Mattos.

 

As corretoras que revisaram preço-alvo para a Hypermarcas após a divulgação dos resultados anuais continuam estimando preço justo acima da cotação atual. A Merrill Lynch atribui um preço alvo de R$ 20 por ação. Na avaliação da corretora do Citi em março, a ação pode atingir R$ 22,60, enquanto a análise de preço do Credit Suisse indica R$ 22,50 por papel. Os valores são próximos ao pico alcançado em maio do ano passado, quando a ação atingiu R$ 21,99. Hoje, a ação é negociada na casa de R$ 16,50. Mas no comparativo com o Índice de Consumo (Icon) da BM&F Bovespa, a variação é favorável às ordinárias da Hypermarcas.O número de corretoras que acompanha de perto a companhia é restrito. Para o economista da Souza Barros, Clodoir Vieira, a explicação está no reduzido histórico (além de ser nova no mercado de capitais, também é relativamente nova desde a fundação, em 2002) e na baixa liquidez. "Por isso não é um papel que está chamando a atenção do mercado. As construtoras, também novatas, têm cobertura porque fizeram uma entrada volumosa", considera.

 

A liquidez reduzida se deve ao volume de apenas 18% do capital em circulação no mercado, ainda que a empresa mantenha um formador de mercado desde setembro para garantir as pontas vendedora e compradora.

 

Apesar de a Souza Barros recomendar ações de consumo, o foco são aquelas empresas que estão na ponta da cadeia, ou seja, no varejo. "As empresas ligadas à economia interna tiveram retração, mas menores que as exportadoras. Além disso, o varejo responde mais rápido às alterações de mercado, como fez no anúncio de redução de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), enquanto a indústria demora um pouco mais para reagir", avalia Vieira.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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