Vendas de TV crescem 17% até abril e indústria tenta ampliar margem

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Um novo movimento está sendo observado no mercado de televisores, que cresceu nos primeiros quatro meses do ano 17% no varejo e 13% na indústria, em relação a igual período de 2011. Depois da primeira onda de substituição de TVs de tubo pelos aparelhos de tela plana, que teve como maior incentivo a Copa do Mundo de 2010, as lojas tentam atrair os consumidores com TVs de tela plana gigantes, a partir de 47 polegadas, que rendem margens de lucro maiores.

 

"Hoje, TV de 32" ou de 42" é commodity", diz um executivo do setor. "Por R$ 899, você compra um aparelho de 32", a classe C já tem isso. É preciso garantir rentabilidade com produtos de maior valor agregado", afirma. Segundo o diretor de uma grande varejista de eletroeletrônicos, em 2011, as redes de varejo "queimaram" preço de TVs de tela plana, porque haviam ficado estocadas depois da Copa.

 

"Esperávamos que a demanda continuasse a crescer depois dos jogos mas, como isso não aconteceu, o jeito foi fazer promoções com as telas de menor tamanho", diz ele. "Agora, estamos resgatando parte da rentabilidade perdida com os aparelhos premium".

 

As vendas de TVs de tela fina no varejo cresceram 30% de janeiro a abril, versus o mesmo período de 2011, segundo a consultoria GfK. Em valor, a alta foi de 18%. Por isso, a ordem do dia no varejo e na indústria é incentivar a venda do aparelho de tela grande, que custa no mínimo R$ 2 mil.

 

Mas mesmo as vendas de TVs de 32'' ainda estão sendo estimuladas no varejo. O site da Casas Bahia, por exemplo, ensinava ontem a pagar uma TV com dois cartões de crédito - para aquele consumidor que já estourou o limite de um.

 

A Samsung, que divide a liderança do mercado de televisores com a LG, aumentou a produção e contratou mais funcionários entre dezembro de 2011 e março deste ano. "Tivemos um aumento na produção de aproximadamente 12% considerando os primeiro cinco meses desse ano", diz Benjamin Sicsú, vice-presidente de novos negócios da Samsung. A Olimpíada de Londres, que começa no mês que vem, também incentivou esse movimento. Devido aos eventos esportivos, diz ele, o consumidor deve antecipar a compra da TV que seria feita normalmente no Natal.

 

A Samsung fabrica modelos LED, LCD e de plasma. Sicsú diz que ainda há demanda para a TV de tubo e por isso a empresa mantém sua produção, embora em menor escala. As vendas de TV de tubo no varejo nacional caíram 35% neste ano, até abril, segundo a GfK.

 

A TV de tubo, analógica, já tem data para sair do mercado: em 2016. Nesse ano todos os aparelhos de televisão no país deverão ser equipados com o sintonizador do sinal digital.

 

O mercado de TVs planas é da ordem é 13 milhões de unidades por ano, o que equivale a cerca de 80% das vendas (o resto é TV de tubo). Na corrida pelo quanto maior, melhor, a Sony lançou uma TV de 65". Em outubro, é a vez da LG apresentar uma de 84".

 

Considerando o mercado total (tubo e tela plana), as vendas aumentaram 17% nos primeiros quatro meses do ano, segundo a GfK. A produção de TVs na Zona Franca de Manaus cresceu 13% no mesmo período, segundo a Suframa. Em 2011, o avanço da tela plana foi de 52% sobre 2010, diz a diretora da GfK, Gisela Pougy. Neste ano, até abril, foi de 30%.

 

No ano passado, as vendas de televisores somaram 14,1 milhões de aparelhos (ver tabela), segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), e a perspectiva é que esse mercado cresça entre 5% e 10% este ano. A entidade trabalha com dados dos fabricantes da Zona Franca de Manaus. Das 14,1 milhões de TVs vendidas no ano passado, 81% eram de tela plana, e os outros 19%, de tubo.

 

"A TV plana passou a ser objeto de desejo de consumo do brasileiro ", diz Lourival Kiçula, presidente da Eletros. "O brasileiro está trocando por centimetragem maior: 30 polegadas já é comum."

 

Nas telas planas, o mercado ainda está concentrado nos modelos de 32 e 40 polegadas, que representam cerca de 70% das vendas do segmento. De janeiro a abril deste ano, o tamanho mais vendido no país foi de 32" com preço entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil, segundo a GfK.

 

Na Samsung, a expectativa é que em 2012, pela primeira vez na história, as vendas de LED ultrapassem o volume de LCD. A tela LED representa mais de 50% do mercado. "Em Smart TV [tela plana com internet] o mercado como um todo deve dobrar em relação a 2011", diz o gerente de produto de TV da Samsung, André Sakuma. Os produtos que a marca mais vende no Brasil também são os modelos de 32 e 40 polegadas, que custam R$ 1.300.

 

A japonesa Sony duplicou o volume de vendas de TVs no ano fiscal (abril de 2011 a março de 2012) no mercado brasileiro, atingindo venda de um milhão de aparelhos. O produto mais vendido nesse período pelo site da empresa foi o notebook de R$ 1.599, seguido por modelos de televisores que hoje custam a partir de R$ 899. Nesse período, 60% das vendas de TVs se referiram a modelos que oferecem conexão com a internet, enquanto 12% a equipamentos com tecnologia 3D.

 

Os modelos de TV mais procurados, desde então, têm sido os de 40 polegadas e custam R$ 2,2 mil, informou a empresa. Neste ano a empresa planeja lançar dez linhas de televisores, sendo seis conectadas (tela plana com internet) e quatro com tecnologia 3D (também tela plana).

 

De acordo com a Sony, a expansão nas vendas de TV no mercado brasileiro é resultado do crescente interesse por funcionalidades como internet na TV, imagens em 3D e a contínua migração do consumidor de televisores de tubo para a tela plana.

 


Veículo: Valor Econômico

 


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