Ainda pouco explorado pelas empresas brasileiras, o mercado de café da China começa a render frutos para o Café Bom Dia, que já vê possibilidades de ampliar de 10% a 20% ao ano as vendas do produto torrado para o país asiático. Com sede em Varginha, no Sul de Minas Gerais, tradicional polo de produção de cafés de alta qualidade, a empresa familiar ocupa a quinta posição no ranking das maiores companhias do segmento da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Diante do potencial chinês - e apesar de dificuldades até culturais para o avanço do consumo na terra do chá -, Sydney Marques de Paiva, presidente do Café Bom Dia, acredita que o aumento das exportações poderia ser até maior, não fossem tímidas as iniciativas brasileiras na comparação com a estratégia de exportadores europeus, por exemplo. "É uma falha do Brasil de políticas para a promoção do produto. E o investimento que precisa ser feito é grande", afirma ele.
As exportações do Café Bom Dia são realizadas por meio de um distribuidor na China, que desde 2011 coloca o produto da empresa em 250 pontos de venda, como hotéis, restaurantes e cafeterias. Foram desenvolvidos produtos nas categorias tradicional, superior e gourmet, de acordo com o paladar chinês, que prefere um café mais suave e menos torrado. Não por acaso, mais parecido com o popular "chafé". O preço que o Bom Dia recebe varia de US$ 6 a US$ 15 por quilo.
O volume embarcado ainda é mínimo - um contêiner com 14 mil quilos a cada bimestre -, mas como a demanda chinesa vem crescendo principalmente entre os jovens e as cafeterias se multiplicam no país, Marques de Paiva acredita que não vai demorar muito para esse movimento aumentar. E a procura não é só pelos grãos tradicionais. Aos poucos, afirma, os chineses também vão aprendendo a diferenciar os produtos e apreciar os cafés de melhor qualidade.
Além da China, o Café Bom Dia exporta para Estados Unidos, Canadá, Chile e Japão. Em 2000, com a economia brasileira mais estável, Marques de Paiva conta que a empresa conseguiu "emplacar" os embarques. "Com lucro ou prejuízo, temos de manter o fornecimento ao mercado externo", justifica. Hoje, os embarques representam cerca de 15% da produção empresa, que gira em torno de 30 mil sacas ao mês. Antes da crise de 2008, representavam de 35% a 40% do volume produzido.
Apesar das incertezas que cercam a economia mundial e da queda dos preços do café no mercado internacional, o Café Bom Dia aposta na força da demanda doméstica e no efeito da valorização do dólar sobre as exportações para garantir um aumento de 15% a 20% em seu faturamento em 2012. No ano passado, foram R$ 90 milhões.
Veículo: Valor Econômico