Site O Avestruz vende produtos que cliente de e-commerce recusou
Geladeira com riscos na pintura, televisões em perfeito estado (mas já fora da caixa) e eletrodomésticos que precisam de conserto são o negócio do site O Avestruz, da Reversa Soluções Logísticas, empresa do grupo de logística TPC, que fatura R$ 350 milhões por ano. Os descontos variam de 30% a 90%. Se o produto não estiver funcionando, sai quase de graça.
O conceito do negócio é simples: o site faz parcerias com empresas de comércio eletrônico - entre elas, Walmart, Carrefour e Eletro Shopping - para vender os produtos que os consumidores devolveram por defeitos de fabricação ou simplesmente porque se arrependeram da compra (o Código de Defesa do Consumidor garante ao cliente o direito de desistir da compra em até sete dias).
O setor de comércio eletrônico faturou R$ 18,7 bilhões no País em 2011, de acordo com dados da consultoria e-bit. Segundo Luís Fernando Martinez, diretor executivo da Reversa Soluções Logísticas, cerca de 7% de tudo o que é vendido pela internet acaba sendo devolvido. Isso significa que existe um mercado de R$ 1,3 bilhão em produtos que eram descartados e que agora poderão gerar renda.
"Esses produtos voltavam para o lojista ou para o fabricante e não raramente eram descartados", explica o executivo. Com a aprovação da política nacional de resíduos sólidos, que proibirá o despejo de eletrodomésticos antigos em lixões, o grupo TPC decidiu investir em uma forma de fazer dinheiro com os produtos devolvidos.
Em alta. O executivo diz que a tendência é que o mercado de produtos de devoluções cresça no Brasil nos próximos anos. Isso ocorrerá tanto pelo avanço do comércio eletrônico em si - as taxas anuais de crescimento do setor giram entre 20% e 30% - quanto pela maior consciência do consumidor sobre seus direitos. Segundo Martinez, as devoluções no e-commerce tendem a aumentar. "Nos Estados Unidos, o índice chega a 11%", diz.
Foi nos Estados Unidos, aliás, que a Reversa pesquisou para aprender a transformar as devoluções de um consumidor na pechincha do outro. O site foi aberto no fim de 2010, e o número de visitas ao O Avestruz vem crescendo 30% ao mês, em média, de acordo com Martinez. As prateleiras virtuais abrigam eletrônicos, eletrodomésticos, equipamentos de ginástica e celulares, entre outros produtos.
Martinez diz que o desconto mínimo do site é de 30%. "Há desde mercadorias que estão fora da caixa e em perfeito estado até aquelas que simplesmente não funcionam." Uma pipoqueira elétrica da Arno, que é vendida a cerca de R$ 120 no varejo, saía por R$ 81,50 n'O Avestruz. O site apontava "pequenas avarias" na pipoqueira, que, no entanto, funcionava normalmente.
Existem dois tipos de clientes do site. O primeiro é aquele que tem conhecimentos em eletrônica e pode consertar os produtos quebrados, que compra quase de graça. Mas a maioria das pessoas está atrás de descontos em produtos que estejam funcionando. "O nosso cliente é parecido com o de compras coletivas. Quer um bom preço, mas não busca a última tecnologia. Quer custo-benefício."
Veículo: O Estado de S.Paulo