O Brasil dobrou as importações de feijão-preto nos primeiros cinco meses do ano.
As compras somaram 87,5 mil toneladas entre janeiro e maio, ante 42,9 mil toneladas em igual período de 2011, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
A estiagem no Nordeste e no Sul reduziu a oferta no país e estimulou a busca de feijão na Argentina e na China, países que forneceram 90% do volume total importado.
As regiões Nordeste e Sul são as principais responsáveis pela produção da primeira safra de feijão, que já foi concluída com volume 26% menor do que no ano passado, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A seca também provocou redução de 30% nas áreas de cultivo de feijão da segunda safra, que está em andamento no Norte e no Nordeste, o que contribuirá para a queda de 14% no volume produzido no país.
No centro-sul, que responde por 83% da oferta nacional na segunda safra, a produtividade pode cair. A geada verificada na semana passada no Paraná prejudicou o enchimento dos grãos. No Rio Grande do Sul, o rendimento está abaixo do estimado.
Prevendo falta de feijão no segundo semestre, período em que a oferta é tradicionalmente mais fraca, as indústrias de beneficiamento anteciparam as importações, segundo Vlamir Brandalizze, sócio da Brandalizze Consultoria, especializada no setor.
"Neste ano, começamos a ter problemas de abastecimento desde fevereiro", diz.
Com o dólar mais caro, as importações perderam força, segundo relato das beneficiadoras a Brandalizze. Ele diz, no entanto, que no segundo semestre as indústrias podem ser obrigadas a voltar a buscar feijão no exterior, pois a terceira safra, colhida no período, é a de menor volume.
Em contrapartida, a oferta na Argentina, principal fornecedor do Brasil, vai aumentar. A colheita no país vizinho começa neste mês.
Veículo: Folha de S.Paulo