Última a entrar na corrida pelo mercado de telefonia de terceira geração (3G), a Nextel Brasil, operadora controlada pela NII Holding, apresentou no primeiro trimestre os efeitos das dificuldades que tem enfrentado para se manter competitiva no país. No período, a Nextel registrou um lucro operacional de US$ 23,4 milhões. O resultado ficou 83,9% abaixo do registrado no mesmo intervalo de 2012. A NII Holdings não divulga o lucro líquido das operadoras que controla.
Na teleconferência de resultados, Steven Shindler, presidente do conselho de administração da NII Holdings e executivo-chefe do grupo, disse que a gestão da Nextel melhorou. E, apesar da queda no lucro operacional, o resultado já foi melhor que o quarto trimestre, quando a Nextel teve redução de 93% no lucro operacional, para US$ 9,1 milhões.
"Estamos satisfeitos com a operação no Brasil, mas ainda estamos competindo de braços atados", afirmou o Shindler. A Nextel lançou só em dezembro do ano passado o serviço de terceira geração de serviços móveis (3G) e só para transmissão de dados. O atraso no lançamento foi um dos fatores que provocaram a demissão, em novembro, do então presidente Sérgio Chaia. Desde então, Gokul Hemmady assumiu a presidência da operadora no país. Hemmady disse durante teleconferência que a Nextel tem atualmente 2,4 mil torres 3G em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas o serviço, por enquanto, só foi lançado em São Paulo.
A expectativa da Nextel é oferecer novos serviços 3G em São Paulo até o fim do segundo trimestre e no Rio de Janeiro até o fim do ano.
No primeiro trimestre, a Nextel registrou queda de 22,9% na receita operacional, para US$ 635,9 milhões. No período, a receita com serviços teve redução de 20,6%, para US$ 616,6 milhões, e as vendas de aparelhos e acessórios recuaram 59,3%, para US$ 19,3 milhões. De janeiro a março, a Nextel registrou uma adição líquida de 38,4 mil usuários, atingindo uma base de 3,88 milhões de assinantes. A receita média por usuário ao mês no trimestre chegou a US$ 47, 14,5% inferior à verificada no primeiro trimestre do ano passado.
A empresa também reportou gastos com reestruturação de US$ 23,8 milhões e custos com depreciação e amortização 23,7% maiores, para US$ 97,6 milhões, que contribuíram para a deterioração do lucro operacional.
Os resultados obtidos no Brasil prejudicaram o desempenho financeiro da NII Holdings. No primeiro trimestre, a companhia registrou um prejuízo líquido de US$ 207,50 milhões. Em igual período de 2012, a companhia obteve lucro líquido de US$ 13,50 milhões. A perda por ação foi de US$ 1,21, ante um lucro por ação de US$ 0,08 um ano antes. O resultado foi associado à perda de receita sobretudo no mercado brasileiro e ao aumento de gastos com reestruturação e implantação de redes 3G no Brasil e no México.
A receita operacional da NII Holdings caiu 13,5%, para US$ 1,41 bilhão. No trimestre, a companhia obteve um aumento de 152 mil no total de usuários, para 11,51 milhões. O aumento não compensou a queda de 17% na receita média por usuário, para US$ 35 por mês. A NII ainda anunciou que Shindler foi escolhido como executivo-chefe definitivo. Ele ocupava o cargo de forma temporária desde dezembro, em substituição a Steven Dussek. A companhia avalia agora a nomeação de um novo presidente não-executivo para o conselho de administração.
Veículo: Valor Econômico