Assai acirra disputa com Atacadão no Nordeste

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O Grupo Pão de Açúcar planeja abrir lojas com a bandeira Assai em capitais do Nordeste e Brasília, locais onde o Atacadão, rede que pertence ao Carrefour, já está presente. A varejista está buscando pontos em Recife (PE), Maceió (AL), João Pessoa (PB), além de cidades menores, como Caruaru (PE). A primeira unidade do Assai no Nordeste foi inaugurada no ano passado, em Fortaleza. No fim de 2008, a marca também estreou no mercado do Rio de Janeiro.

 

Com sede em São Paulo, o Assai foi comprado pelo Grupo Pão de Açúcar em novembro de 2007, apenas sete meses depois da aquisição do Atacadão pelo Carrefour.

 

As duas redes operam no formato de "atacarejo", um modelo de negócio tipicamente brasileiro de baixo custo cujo segredo é misturar o atacado tradicional com hipermercado. Nessas lojas, os clientes podem adquirir os produtos tanto em caixas como em volumes fracionados, a preços mais baixos que no varejo convencional.

 

O modelo deu tão certo que transformou-se em uma prioridade nos planos de expansão do Grupo Pão de Açúcar, apesar de a varejista ter colocado o seu orçamento global para 2009 "sob observação" devido à crise econômica.

 

Ontem, a varejista inaugurou a 29ª loja do Assai, localizada na Zona Leste da cidade de São Paulo. Quando adquiriu 60% do capital da rede de "atacarejo", no fim de 2007, ela possuía 14 unidades, todas no Estado de São Paulo.

 

Segundo José Roberto Tambasco, vice-presidente comercial de operações do Grupo Pão de Açúcar, a previsão de inaugurar entre 12 e 15 lojas do Assai neste ano está mantida, independente do que vier a acontecer. O plano inicial de investimento do grupo, que poderia atingir até R$ 1 bilhão, está sendo revisto. Os analistas que acompanham as ações da varejista na Bovespa ainda estão à espera de uma definição sobre quanto a companhia prevê investir, o que deve ser revelado em um encontro em maio ou junho.

 

A empresa decidiu esperar até ter uma maior nitidez do cenário econômico para acelerar seu programa de expansão. Se as nuvens se aclararem, a expansão do Assai pode ser ainda mais agressiva neste ano, afirma Tambasco.

 

O "atacarejo", acrescenta o executivo, também agora faz parte do cardápio de possíveis aquisições do Grupo Pão de Açúcar. A varejista não descarta comprar redes nesse modelo ou até mesmo adquirir lojas que possam ser convertidas em Assai.

 

No entanto, sobre uma possível aquisição dos 40% restantes da rede de atacarejo, o executivo afirma que essa é uma questão que não preocupa o Pão de Açúcar neste momento. "Não temos pressa", afirma Tambasco, acrescentando que a empresa também está confortável com a gestão dos negócios, que manteve-se a cargo dos antigos controladores do Assai.

 

Espera-se que o Pão de Açúcar assuma a gestão da rede, o que pode ser feito nos próximos dois ou três anos. Por não ter experiência com "atacarejo", o grupo tomou a rara decisão de delegar a condução das operações aos seus sócios, mas um time foi designado pela varejista para aprender com os antigos donos do Assai.

 

Em novembro de 2007, o grupo pagou cerca de R$ 200 milhões pelos 60% do capital da rede de atacarejo. Em abril do mesmo ano, o Carrefour pagou R$ 2,2 bilhões pelo Atacadão, a maior rede de "atacarejo" do país, com 34 lojas na época.

 

A multinacional francesa também colocou o "atacarejo" no topo de suas prioridades e já abriu pelo menos 17 unidades nesse formato. O Atacadão, que também nasceu em São Paulo, já está presente em seis Estados do Nordeste, além do Distrito Federal, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e Rio Grande do Sul.

 

O formato de atacarejo tem a vantagem de demandar investimentos bem mais baixos. Segundo Tambasco, o custo para construir uma loja do Assai representa um terço do valor destinado à abertura de um hipermercado convencional. O investimento em uma nova loja do Assai gira, média, em torno de R$ 7 milhões.
 


Veículo: Valor Econômico


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