Linha branca é garantia de compras constantes

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Por Genilson Cezar | Para o Valor, de São Paulo



Mesmo num cenário de forte desaquecimento da atividade industrial, os produtores brasileiros de aço apostam na ampliação dos seus negócios em segmentos importantes de consumo, como o de fabricantes de utilidades domésticas, especialmente da chamada linha branca (geladeiras, fogões e máquinas de lavar).

A ArcelorMittal Vega, unidade da ArcelorMittal, localizada em São Francisco do Sul (SC), já decidiu ampliar nos próximos meses a participação da indústria de linha branca na produção anual total da companhia. A empresa anunciou um investimento de US$ 17 milhões em melhorias na unidade de São Francisco do Sul visando aumentar a produção anual de 1,4 milhão de toneladas (60% voltada a atender a demanda da indústria automobilística) para 1,6 milhão até o fim do primeiro semestre de 2015.

"Apesar de ter um consumo de aço ainda pequeno, representando cerca de 10% do fornecimento de laminados a frio e galvanizados no Brasil, o segmento de linha branca tem grande potencial de crescimento", avalia Fernando Ribeiro Teixeira, gerente geral da ArcelorMittal Vega. "Muitas famílias brasileiras ainda estão adquirindo pela primeira vez suas máquinas de lavar roupa ou louça. O espaço para o consumo de bens duráveis ainda é grande no país", diz ele.

Segundo Marco Polo de Melo Lopes, presidente executivo do Instituto Aço Brasil, o setor de eletrodomésticos, linha branca principalmente, representa 5% do consumo de aço no país. Um dos principais desafios das siderúrgicas que atendem o segmento é superar a concorrência tanto das chapas de aço importadas pelos fabricantes de linha branca, como pela concorrência indireta, ou seja, com a perda de mercado representada pela importação de produtos prontos da linha branca.

Para Teixeira, os fabricantes brasileiros de aço para utilidades domésticas contam com uma grande vantagem: o setor costuma ser estável, com leves oscilações, exigindo da indústria uma demanda regular nos últimos anos. "A evolução não se deu tanto na quantidade de aço, mas nas características do fornecimento. Agora, também vamos crescer acompanhando os movimentos do mercado", afirma. Hoje, a ArcelorMittal tem um portfólio de clientes formado por grandes empresas, multinacionais do setor como Electrolux e Whirlpool, mas também médios e pequenos fabricantes, principalmente de fogões.

Um dos trunfos da companhia, de acordo com o executivo, é o investimento constante em inovação. Nos últimos anos, a ArcelorMittal desembolsou mais de US$ 300 milhões em seus 11 centros de pesquisa, parte deste montante (cerca de um terço) destinado a novos produtos. Entre os projetos para o segmento de linha branca, está a utilização de um revestimento orgânico que, ao ser aplicado no aço, facilitaria a pintura do produto, reduzindo o uso de tinta e chegando a eliminar uma etapa no processo produtivo.

"Com a vantagem desta inovação está o menor impacto ambiental e o ganho de produtividade do cliente", afirma. Iniciativas como a redução da espessura do aço em determinados locais do eletrodoméstico, como a porta e lateral de um refrigerador, entre outras partes internas, também trazem diversos benefícios ao cliente, aumentando a competitividade do produto, segundo Teixeira.

A Usiminas também tem uma participação expressiva no fornecimento de aços para o segmento de linha branca. De maneira global, o grupo avança no mercado interno de aços planos mais fortalecido e resistente às instabilidade econômicas e de mercado, informa Julián Eguren, presidente da Usiminas, ao comentar o balanço do segundo trimestre de 2014, que registrou lucro líquido de R$ 129 milhões.

"A companhia está em outro patamar de eficiência e lucratividade em relação ao que tinha há dois anos. E isso nos motiva a superar os atuais desafios do mercado olhando para frente, de posse de uma agenda de melhoria contínua", ressalta.

Especificamente no segmento de linha branca, a Usiminas apresenta um rol de produtos para atender desde fabricantes de utilidades domésticas (geladeiras, fogões etc), equipamentos eletrônicos (motores e compressores) e de cofres e móveis (armários, cadeiras e mesas). Nos últimos anos, a empresa passou por um ciclo de investimentos focado na modernização de suas linhas de produção e no aumento do valor agregado de seus produtos, o que permitiu ampliar a linha de produtos com mais conteúdo tecnológico.

"Nesse contexto, foi inaugurada a segunda linha de galvanização por imersão a quente na usina de Ipatinga (MG). Com o investimento, a capacidade instalada de produção de aço revestido, por este processo, o produto consumido pelo mercado de linha branca (e também de montadoras de automóveis), chegou a 1 milhão de toneladas por ano", informa nota da área de comunicação da Usiminas.



Veículo: Valor Econômico


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