Esquenta a disputa por laboratório farmacêutico

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As negociações da venda do controle do laboratório Fleury esquentaram nos últimos dias. A disputa teria se reduzido a dois grupos: laboratório Hermes Pardini (com fundos Gávea e Apax) e Pátria/Blackstone. A fatia à venda - que pertence a um grupo de 24 médicos - é de 41% do capital e está avaliada em aproximadamente R$ 1,5 bilhão, considerado um ágio de 25% a 30% sobre o valor atual da ação do laboratório.

Hoje, o papel vale R$ 18. A expectativa é de que a venda saia por algo entre R$ 20 e R$ 22.

Há quem considere, no entanto, que o preço do ativo ficou inflado demais, o que espantou grupos inicialmente interessados no Fleury. É o caso do fundo americano Carlyle. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, os sócios do Carlyle da área de saúde vieram este mês dos Estados Unidos para olhar de perto o ativo, mas consideraram o preço alto demais. Outro fundo americano, o KKR, também teria jogado a toalha, de acordo com fontes próximas às negociações.

Circulam no mercado informações também de que o BTG estaria interessado no ativo, mas fontes consideram o envolvimento pouco provável. Foi o próprio banco de André Esteves que vendeu para o Fleury o Labs D’Or por mais de R$ 1 bilhão, em 2011. Na avaliação de investidores que olharam o laboratório, a aquisição do D’Or, uma marca forte no Rio de Janeiro, é justamente um dos pontos fracos do Fleury. “Após abrir o capital, fizeram várias aquisições, algumas delas caras”, diz uma fonte de mercado.

Outro fator a ser considerado é que quem ficar com o ativo, poderá ter de fazer uma oferta adicional para comprar as ações dos demais sócios, incluindo a parte da Bradesco Seguros, que tem fatia minoritária do bloco de controle do Fleury. “O valor da oferta terá de ser igual ao pago ao grupo de médicos”, explica uma fonte do mercado financeiro.

Agressividade


Entre os mais agressivos na disputa pelo Fleury está o laboratório mineiro Hermes Pardini. No fim de janeiro, em reunião com sua equipe de vendas, o presidente do laboratório, Roberto Santoro, disse aos funcionários que a empresa planeja crescer, afirmando que não existe nada que impeça “uma empresa menor de comprar uma maior”. Em 2012, o Pardini faturou R$ 500 milhões, enquanto o Fleury teve receita de R$ 1,7 bilhão no mesmo ano.

Para ter poder de fogo para pagar o preço que o Fleury está pedindo, o laboratório mineiro poderá receber injeção de capital do Gávea - que já é seu sócio, com 30% do capital - e também deverá se associar ao fundo americano Apax.

O fundo, que já tem investimentos na área de saúde fora do País, abriu escritório local para prospectar negócios. O Apax pretendia investir, em cada negócio, um valor entre US$ 100 milhões e US$ 500 milhões, mas estaria disposto a elevar este tíquete caso encontrasse parceiros interessados em dividir os riscos.

Segundo investidores ouvidos pela reportagem, o interesse pelo setor de saúde no Brasil é forte. Prova disso é que, na última segunda-feira, o empresário Edson Bueno, fundador da Amil, desembolsou R$ 1,8 bilhão para comprar 38% das ações do laboratório Dasa, aumentando sua participação no negócio para 62%. Procurados, os fundos e os laboratórios Pardini e Fleury não comentaram o assunto.



Veículo: A Tarde - BA


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