Comerciantes do segmento conhecido como economia de verão faturam alto com o calor

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Com a alta dos termômetros, comércio especializado em produtos para a mais quente das estações comemora aumento dos negócios. Demanda elevada faz consumidores pagarem mais



A alta dos termômetros em BH nos últimos dias pode incomodar parte da população, mas há quem torça para que a temperatura suba um pouco mais. Trata-se de comerciantes que atuam no segmento conhecido como economia de verão – donos de bares, de sorveterias, de casas de sucos, de lojas especializadas em ventiladores, ares-condicionados e circuladores de ar, entre outros. Para eles, as vendas aumentaram pelo menos dois dígitos entre o início de 2014 e o mesmo período do ano passado. Para os consumidores, porém, há o lamento da alta nos preços no acumulado dos últimos meses.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação de Belo Horizonte, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o acumulado de janeiro a novembro de 2013 em 4,92%. No mesmo período, o preço de algumas mercadorias da economia de verão disparou bem acima deste percentual, como dos sorvetes, que subiu 10,88%, das frutas, 13,82%, e de ventiladores, com alta de 8,95%. Entretanto, esse avanço pode ser ainda maior, já que o IBGE divulgada hoje os dados do IPCA de dezembro e de 2013.

Junto com os preços, as vendas também aumentaram. Na Ventiladores e Cia, no Bairro Jaraguá, na Pampulha, as vendas subiram 10% neste início de ano, segundo Michelle Marcondes, sócia da empresa fundada há 16 anos. A empresária conta que a maior parte dos negócios é fechada a prazo: “Dividimos as compras em três vezes”.

Os negócios também vão de vento em popa nas lojas da Ricardo Eletro. O diretor de Linha Branca e Portáteis da rede, Ricardo Torres, destacou que as vendas fechadas nos primeiros dias úteis deste ano foram três vezes maiores do que as apuradas em dezembro. Em todas as unidades da empresa, incluindo as fora de Minas Gerais, a expectativa do grupo é de que 100 mil ventiladores e 30 mil aparelhos de ar condicionado sejam negociados até o dia 31.

“Em novembro de 2013, houve uma alta de 35% nas vendas de ventiladores e de 90% nas de ares-condicionados em relação ao mesmo período de 2012. Em dezembro, com as chuva e queda da temperatura, houve recuo. Nos primeiros quatro dias úteis de janeiro, porém, as vendas dos dois produtos já superam em três vezes as de dezembro. Foram negociados mais de 20 mil ventiladores, uma média de 5 mil unidades por dia, e 4 mil ares-condicionados”, acredita Torres.

100% DE GANHO O calor também impulsionou o mercado de água mineral e refrigerantes, grupo cuja inflação foi de 8,46% entre janeiro e novembro de 2013, segundo o IBGE. “Nossas vendas subiram 20% nestes primeiros dias do ano (frente ao mesmo período do exercício passado)”, calculou Wilson Pio, dono da distribuidora de bebidas que fornece mercadorias para a maioria dos comerciantes da Feira da Avenida Afonso Pena e dos ambulantes que ganham a vida no Parque Municipal e nos semáforos da cidade.

“Caso o calor continue no próximo domingo, dia de feira na Afonso Pena e de garantia de muita gente no Parque Municipal, nossas vendas deverão subir em torno de 30%”, projetou. Ele vende cada unidade de meio litro de água mineral (marca Ingá) por R$ 1. Jailson Alves, cliente de Wilson, fatura 100% em cada garrafa negociada nos semáforos: “Compro para revender. Vendo, em média, de 70 a 100 garrafinhas de meio litro por dia. Na época de calor, o resultado é melhor ainda”, comemora o rapaz.

Calor é sinônimo de bares e sorveterias cheios. No caso do primeiro setor, a alta temperatura reforça o rótulo de que Belo Horizonte é a capital dos botecos. Nos últimos dias, os balcões do Mercado Central, cartão-postal da cidade, foram disputados por muitos moradores e turistas. Lá, o securitário Luiz Carlos Mello e o funcionário público Marcelo Augusto proseavam num dos balcões do lugar. Entre risadas e causos, beberam tulipas de chope e degustaram porções de tira-gosto. Mas constataram que, ao longo dos últimos 12 meses, o preço da cerveja disparou. “Subiu muito”, disse Marcelo. Ainda assim, acrescentou Luiz, “o clima caloroso pede uma gelada”. Segundo o IBGE, somente em novembro, o preço da bebida avançou 0,64%.

O setor não lucra apenas com as cervejas nesta época do ano. Bares cheios atraem até quem prefira degustar drinques. No restaurante e choperia Pinguim, no Bairro Sion, o consumo de chope é alto nesta época do ano, mas o estabelecimento aposta também na venda dos chamados drinques refrescantes, cujo volume deve subir 20% em relação a janeiro de 2013. “O verão é uma época muito boa para a venda de drinques mais refrescantes. Com as altas temperaturas de BH, estamos certos de que os clientes vão aproveitar e aprovar a bebida”, diz o gerente George Alves.


SORVETE As sorveterias também comemoram o calor. Na Sorvete Salada, fundada em 1986 e com várias unidades na capital, a expectativa é de um volume de vendas 30% maior neste verão em relação ao inverno. “Para atrair novos consumidores e aumentar as vendas no verão, trabalhamos com estímulos, como novos sabores e produtos exclusivos”, afirmou Raquel Rabelo, gerente de Marketing da empresa.




Veículo: Estado de Minas


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