Dança dos preços impõe acréscimo de até 580%

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É a quanto chega a diferença entre os valores cobrados pelas papelarias para um mesmo produto em Belo Horizonte. Frente a 2013, a lista completa ficou cerca de 10% mais cara


As férias de janeiro ainda estão pela metade, mas aos 5 anos Breno está ansioso para começar a estudar na nova escola. O material novo em folha, que estampa personagens famosos, como o robô Buzz Lightyear do filme Toy Story , foi comprado na manhã de sábado. A família de Breno trocou o dia de sol pela papelaria, onde escolheu o uniforme e providenciou a lista apresentada pela escola. Para arcar com a despesa de R$ 800 consumidos no material e outros R$ 800 com uniforme, a pedagoga Ludimila Campolina e o analista de sistemas Marcelo Henrique Pinto fizeram um planejamento financeiro. Afinal, a conta da papelaria soma-se aos impostos (IPTU e IPVA) típicos desta época do ano, à matrícula, e para muitos às despesas pré-datadas do Natal.

Além de enfrentar, neste ano, reajustes do livro didático próximos a 8%, os pais devem reservar tempo extra para pesquisar preços. A variação de um mesmo item pode ultrapassar 500% no varejo, segundo levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro, de Belo Horizonte. É o caso do apontador com reservatório, encontrado pelo menor preço a R$ 0,29 e o maior, R$ 1,98, perfazendo diferença de 582,70%. Alguns itens estão custando menos do que em janeiro de 2013. No entanto, no apanhado geral da lista, pais que já fecharam suas compras consideram que a alta em relação ao ano passado ficou próxima a 10%. No mercado, os descontos para pagamento à vista variam entre 5% e 10% e podem aliviar a fatura para quem não divide a conta. Para as famílias que optarem pela compra a prazo há redes permitindo o pagamento de prestações até o Natal.

O mercado que envolve o material escolar e artigos de papelaria deve girar no país perto de R$ 7 bilhões em 2014. Pesquisa do Mercado Mineiro indica que alguns produtos, como o refil para fichário e o giz de cera, tiveram alta expressiva (57,8% e 35%, respectivamente) em comparação aos preços encontrados no ano passado. Mas é possível economizar, já que alguns itens também tiveram seu preço reduzido, como o a massa para modelar, em 30,5%, e o caderno universitário, 24%.

 Ludimila Campolina, que gastou cerca de R$ 800 com a lista para a educação infantil, acredita que neste ano o preço do material cresceu perto de 12%. Ela diz que livros, mochila, cadernos, lápis e lancheira com personagens têm boa qualidade, mas reconhece que eles costumam custar até 30% mais. “Considero que o investimento compensa, porque é uma motivação grande para a criança.” Ludimila e Marcelo optaram por comprar de uma só vez o uniforme para todo o ano, incluindo a roupa para aulas de esporte e para o inverno, parcelando a fatura em três vezes. Para enfrentar as despesas do início do ano, uma das estratégias do casal foi transferir as férias para julho, quando os gastos são menores.

Rodrigo Azevedo, sócio-proprietário da Livraria João Paulo II, tem três lojas em Belo Horizonte e está há 10 anos no mercado. Ele observa que o movimento de volta às aulas já começou na capital e percebe que está havendo grande busca pelos livros usados. Pudera. “Com a troca do livro é possível economizar 50%.” Rodrigo acredita que o reajuste de preços do livro novo seguiu a trajetória de anos anteriores, ficando perto de 8%. “A partir do 6º ano, os pais podem fazer a troca”, ponderou.


Estoques altos Na Papelaria Port, Aline Dutra, gerente da loja no Bairro Prado, diz que houve mais promoções na loja, incluindo lançamentos com personagens. O pagamento também pode ser parcelado em até seis vezes e descontos para quem prefere quitar à vista são negociados com o cliente. O economista-chefe da Federação do Comércio de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Gabriel de Andrade Ivo, observa que além de a volta às aulas representar a melhor época de vendas para as papelarias, existe um otimismo generalizado no comércio quanto a janeiro. Isso porque os estoques estão altos e o consumidor pode ser motivado ao consumo por meio das promoções.

Com 8 anos, Gabriel está pronto para iniciar a terceira série. No sábado, ele foi cedo com a mãe, a funcionária pública Lis de Oliveira, escolher o material escolar. Lis diz que no momento da compra escolhe produtos de boa qualidade porque eles duram mais e neste ano percebeu nesses itens alta de preços entre 10% e 12%. “Gastei pouco mais de R$ 1 mil, sendo que 70% desse valor corresponde aos livros.” Ela só paga à vista se os descontos concedidos partirem de 10%.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mede a inflação do país, aponta alta em 2013 de 8,71% dos itens de papelaria e artigos de leitura em Belo Horizonte frente ao percentual de 7,94% no país, acima do custo de vida, que fechou 2013 com variações de 5,7% na Grande BH e de 5,9% na média nacional. Nadim Donato Filho, presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas-BH), estima que o mercado de papelarias deva crescer neste primeiro trimestre cerca de 5% frente ao ano passado, mas no fechamento do ano, como o restante do comércio, o setor não deve registrar alta. Em 2013, o crescimento de janeiro a março foi de 13% frente ao mesmo período do ano anterior.



Veículo: Estado de Minas


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