Comércio terá 123 mil vagas

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Abertura de postos de trabalho sofre impacto da estagnação da economia e número é apenas 1,8% maior que o registrado em 2012. Dólar alto deve derrubar as vendas de eletrônicos


Um cenário econômico adverso pode ser o responsável por um Natal morno, com desempenho aquém do ano passado. É o que aponta os números divulgados ontem pela Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O volume de vendas, segundo o estudo, deve crescer cerca de 4,5% ante os 8,1% registrados em 2012. Com isso, a criação de postos temporários também deverá ser atingida. A alta estimada para este ano é de apenas 1,8%, com 123 mil vagas, contra os 3,1% registrados no ano passado em relação a 2011.

O economista responsável pela pesquisa, Fábio Bentes, explica que a desaceleração ocorre depois da recomposição das alíquotas do IPI e uma inflação generalizada que impacta no consumo. “Só no primeiro semestre os preços no varejo aumentaram, em média, 8%. Em 2012 a alta dos preços foi de 3,5%”, afirma. Outro fator que impulsionou o resultado, segundo Bentes, foi a acomodação do mercado de trabalho. “Desde maio não observamos uma melhora na taxa de desemprego”, afirma. Dentro de um cenário econômico que ainda patina, o economista lembra ainda o encarecimento do crédito, em função da alta de juros, que acaba afastando os consumidores.
A alta do dólar e a desvalorização do real também surgem como problema para as contratações, já que os importados, que respondem por boa parte das vendas – com pico de 15% nas vendas do período – , ficarão para depois. “Esse não será mais o Natal do eletrônico, mas, sim, o Natal do vestuário”, resume. De acordo com Bentes, a escolha se dará porque o item não é tão afetado pelo câmbio quanto celulares, brinquedos, computadores e outros produtos que tenham componentes importados.

Os setores que estão sujeitos à variação cambial já diminuíram suas expectativas de contratação. Informática e comunicação e artigos de uso pessoal devem ter quedas de 0,1% e 1,1% na geração de vagas temporárias este ano, de acordo com Bentes. Ainda de acordo com a pesquisa, o setor de vestuário desponta como o maior contratante e deve responder por 56,5% das 123 mil vagas, seguido por hiper e supermercado, com 22,5% das vagas. De acordo com o economista, as contratações devem acontecer entre setembro e novembro e um em cada oito funcionários deve ser efetivado. “Antes, o índice de absorção dessa mão de obra era de 15% e este ano será de 12%. Como contratar é caro, o empresário está mais cauteloso”, diz.

O economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) Gabriel de Andrade Ivo lembra um primeiro semestre difícil para o comércio e acredita que Minas Gerais deve acompanhar os resultados do país, com uma geração de vagas um pouco menor que a do ano passado. “O cenário macroeconômico deixa consumidores e empresários cautelosos. O empresário, por sua vez, na dúvida, contrata menos”, diz.

Renata Lacerda de Abreu, gerente da Loja Armadda, no Boulevard Shopping, confirma a desconfiança que ronda o comércio. Como não sabe se será possível repetir os números do Natal de 2012, quando teve incremento de quase 20% nas vendas em relação ao ano anterior, optou por reduzir o quadro de temporários. “Vamos passar de três freelancers para um. Assim, a equipe será reduzida de 10 vendedores, no total, para seis”, conta. A decisão, segundo ela, foi apoiada no comportamento do consumidor, que esse ano está mais ponderado no momento da compra. “Notamos que, quanto mais informado, mais preocupado ele está e, por isso, contém os gastos”, diz. “Vimos isso nas datas comemorativas, que foram marcadas pela compra de lembranças”, acrescenta.

Glaucus Botinha, diretor do Grupo Selpe, que recruta anualmente cerca de 2 mil temporários, garante que a expectativa é repetir os números. No entanto, ele confessa que a economia não tem oferecido aos empresários um ambiente propício para ampliação de investimentos. “Neste momento, o mercado está esperando uma reação. Mas se o desempenho continuar o mesmo, a contratação pode cair”, diz.



Veículo: Estado de Minas


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