Aquisições no setor de alimentos devem desaquecer-se em 2013

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Impulsionado pelo aumento do poder de consumo do brasileiro, o setor de alimentos e bebidas lidera a atração de capital estrangeiro dentre as indústrias de bens de consumo. Se, em 2003, o segmento recebeu US$ 409 milhões em investimento estrangeiro direto, segundo dados do Banco Central quanto à participação no capital de empresas, 10 anos depois, em 2012, os ingressos somaram US$ 5,09 bilhões.

O setor registrou 46 transações no ano passado, entre fusões e aquisições, num aumento de 4,5% sobre 2011, segundo dados da consultoria KPMG. Em 2012, destacou-se uma queda nos negócios domésticos (18, ante 25 em 2011), e um aumento nas operações de estrangeiros adquirindo empresas brasileiras. Foram 16 transações, contra 12 no ano anterior, um avanço de 33,3% no interesse dos investidores de fora em fechar negócios no País.

Dentre as operações brasileiras que diminuíram estão as de internacionalização. "Em 2010, tivemos nove brasileiros comprando fora do Brasil, número que caiu para quatro em 2011 e três em 2012", ressalta o sócio-líder da área de fusões e aquisições da KPMG no Brasil, Luis Motta. "Ao mesmo tempo, temos uma presença maior de estrangeiros buscando oportunidades no mercado brasileiro, devido ao maior poder de compra da população", completa. Assim, o setor tem sido marcado pela desnacionalização de tradicionais indústrias familiares.

Na semana passada, a fabricante mineira de massas Santa Amália foi vendida, por R$ 190 milhões, à companhia peruana de bens de consumo Alicorp. Já em maio de 2012, a indústria cearense de cachaça Ypióca foi adquirido por R$ 900 milhões pela companhia britânica de destilados Diageo, dona das marcas Johnnie Walker e Smirnoff. Naquele mesmo mês, a paulista Yoki foi incorporada pela norte-americana General Mills, das marcas Häagen-Dazs e Nature Valley, por cerca de R$ 2 bilhões. Mas o negócio estrangeiro mais rumoroso de tempos recentes certamente foi a aquisição da indústria de bebidas paulista Schincariol pelo grupo japonês Kirin, por R$ 6,3 bilhões.

Perspectivas

Depois de um 2012 marcado por grandes negócios no setor de alimentos e bebidas, a KPMG prevê um desaquecimento no início deste ano. "Pelo menos no primeiro semestre, deverão ter mais operações de brasileiros do que de estrangeiros, pois houve uma desaceleração nas aquisições no último trimestre do ano passado e há uma certa inércia para a volta, até porque não há nenhum indicador de melhora na economia brasileira que justifique eles voltarem com força", avalia Motta.

O número de operações de estrangeiro adquirindo, de brasileiros, capital de empresa estabelecida no Brasil em alimentos e bebidas recuou ao final do ano, totalizando apenas uma operação entre outubro e dezembro, ante seis no terceiro trimestre, cinco entre abril e junho e quatro de janeiro a março. Segundo o consultor, o movimento dos investidores estrangeiros deverá ser retomado provavelmente no terceiro trimestre, mas no saldo do ano os brasileiros deverão prevalecer.



Veículo: DCI


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