‘Quem precisa do euro se você pode pagar com marco alemão?’, pergunta o Wall Street Journal já na primeira página da edição desta quarta-feira, 18. A repórter Vanessa Fuhrmans investigou o comércio na Alemanha e notou que há vários pequenos lojistas, e mesmo algumas grandes empresas, que continuam aceitando a antiga moeda.

A C&A, rede varejista de roupa que tem na Alemanha seu principal mercado, começou a aceitar marcos em 2003 e hoje suas 500 lojas no país recebem até 150 mil unidades da velha divisa por mês, o que equivale a € 76 mil. Nas cabines telefônicas da Deutsche Telekom, 90% das moedas usadas são de marco.

E não são apenas as compras miúdas que são pagas com o dinheiro alemão. O empresário Martin Butzbach, que vende cabines de raio infravermelho que diz fazer bem à saúde, contou à reportagem que alguns clientes usam marcos para comprar seus produtos que custam mais de € 2,5 mil.

O Bundesbank, banco central do país, afirma que existem atualmente 13,2 bilhões de marcos (€ 6,5 bilhões) em poder dos alemães. Diferentemente da outra grande economia da zona do euro, a França, onde o franco deixou de valer no ano passado, na Alemanha não foi dado um prazo para a população trocar sua antiga moeda.

O Journal acredita que o marco, introduzido em 1948, portanto após a derrota dos nazistas, virou um ícone do milagre econômico do pós-guerra e um dos poucos símbolos por meio dos quais os alemães se sentem confortáveis para manifestar o orgulho nacional.



Veículo: O Estado de S.Paulo