Clima e endividamento freiam alta do setor têxtil

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Ações tendem a cair após balanços, mas devem recuperar fôlego no fim do ano



O clima mais quente e a economia mais fria no Brasil reduziram as vendas e devem colocar um freio nos bons rendimentos das ações das empresas de varejo de vestuário e calçados listadas na bolsa.

Como resultado, o valor de mercado das sete companhias do setor com maior volume de negociação, que aumentou R$ 5,21 bilhões de dezembro até ontem, deve recuar. No entanto, a previsão para o desempenho das ações em médio prazo continua positiva, devido às perspectivas de aumento das receitas no final do ano pelo período de festas.

Diante disso, analistas indicam uma postura neutra para os papéis: quem tem deve mantê- los em carteira, enquanto quem não tem deve esperar o recuo dos preços das ações se quiser comprar. “A recomendação é manutenção do papel, na expectativa de que melhore a situação ao longo do ano, passado o segundo trimestre”, afirma o analista da SLW Corretora, Cauê Pinheiro. Sandra Peres, da Coinvalores, concorda: “Nossa recomendação é para manter as ações na carteira no médio e longo prazo.”

As temperaturas mais elevadas no Brasil registradas durante o inverno prejudicaram as vendas de roupas e calçados mais quentes, que têm margens mais elevadas. Isso deve ser demonstrado na temporada de resultados do setor, iniciada hoje com a divulgação dos dados da Hering após o fechamento do mercado.

Para se ter uma ideia, a corretora americana Raymond James prevê um ganho por ação da empresa em R$ 0,43 no segundo trimestre do ano, queda de 8% frente ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o setor de calçados e roupas foi prejudicado pelo alto endividamento das famílias, que passaram a gastar mais com itens como eletrodomésticos e carros, que foram alvos de incentivos do governo via reduação de impostos, lembra Pinheiro, da SLW.

Os oncentivos desviaram o consumo de roupas e sapatos para esses outros bens no período. “O frio chegou tarde neste ano, mais próximo da troca de coleção, o que é outro fator que deve afetar o resultado do segundo trimestre das empresas”, afirma Sandra, da Coinvalores, indicando que muitas varejistas estão fazendo liquidação, o que penaliza as margens, para poder desovar os estoques de roupas de frio. “A recuperação virá principalmente no último trimestre, mas mesmo assim não vamos ver mais crescimentos tão fortes para o setor de varejo têxtil e de calçados como em anos anteriores.”

As preferidas

De acordo com Sandra, que analisa de perto Marisa, Hering e Renner, esta última é a mais indicada para se ter em carteira. “Minha primeira opção no setor é a Renner, por conta do fato de a empresa ter margem maior e equilíbrio entre custos e despesas”, diz a analista.

A equipe de análises da Planner Corretora, por sua vez, prefere as ações da Hering e da Arezzo, pelo modelo de negócio desenvolvido. “Elas têm marcas fortes e expansão por franquia. Não necessitam de grandes investimentos para poder crescer, o que gera alta rentabilidade sobre o capital”, diz.

De olho em todos esses itens, a Raymond James afirma que prefere a Restoque, dona da marca Le Lis Blanc, Rosa Chá e outras, que tem um foco maior nas classes A e B e, portanto, sofre menos com o risco de crédito. “Além disso, a companhia deve sustentar um forte crescimento graças ao aumento da sua rede de lojas e estratégia decrescimento orgânico”.

Em calçados, a corretora prefere a Alpargatas, devido à previsão de forte crescimento no longo prazo e à força das marcas, entre elas Havaianas e Mizuno. No entanto, a Raymond James reduziu o preço-alvo das ações das companhias de R$ 14 para R$ 13 e da Restoque de R$ 19 para R$ 17.


Veículo: Brasil Econômico


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