Retroporto seguirá modelo espanhol

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R$ 300 milhões é o valor necessário para que seja erguida no litoral paulista, ao lado do Porto de Santos, a primeira Zona de Atividade Logística (ZAL) do Brasil. Trata-se de uma área de 1 milhão de metros quadrados na qual serão abrigados armazéns, um espaço para estacionamento e manutenção de caminhões (truck center) e principalmente galpões onde mercadorias poderão receber melhorias - etiquetagem e controle de qualidade, por exemplo - antes de serem despachadas para o resto do País ou exportadas. Quando a ZAL de Santos ficar pronta, a estimativa é que por ela passem ao ano 2 milhões de TEUs (unidade de contagem, equivalente a um contêiner de 20 pés).

Este projeto, no momento, está na Secretaria de Portos (SEP), do governo federal. O principal debate que lá se desenrola é sobre como a Zona será construída e operada: via arrendamento, parceria público-privada ou concessão. Quando esta decisão sair, tudo estará pronto para que o Brasil tenha sua ZAL, a exemplo das de Barcelona e Sevilha, ambas na Espanha e conhecidas como algumas das mais eficientes do mundo em sua categoria.

O paralelo com estas Zonas de Atividade Logística ibéricas não é gratuito. A ideia de se erguer algo semelhante no Brasil nasceu quando, no final de 2010, o valor de 182 mil euros foi disponibilizado pelo Fundo de Estudo de Viabilidade do governo espanhol ao consórcio formado pelas empresas Advanced Logistics Group (ALG) e Logística Internacional (ILI) para a elaboração de um estudo de implementação de uma área de atividades logísticas no entorno do Porto de Santos. A intenção era (e é) criar no País algo na linha destes grandes retroportos que são as ZALs das cidades portuárias espanholas.

"A Zona de Atividade Logística de Santos virá se somar - não substituir - às demais infraestruturas já existentes de apoio ao porto local", adverte Guilherme Esmanhoto, diretor da ALG.

"O Porto de Santos movimenta hoje 3 milhões de TEUs ao ano. As estimativas de demanda apontam que o mesmo estará embarcando e desembarcando, em 2025, cerca de 9 milhões de TEUs ao ano. Tudo o que se puder construir até lá será benvindo para dar conta de tamanha carga."

Ilha Barnabé

A ZAL será edificada em um local estratégico de Santos, na confluência da rodovia Cônego Domênico Rangoni com a ilha Barnabé. É uma área de crescimento natural do porto, por ser adjacente ao mesmo. Renato Barco, presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), adverte: "Se a ZAL, uma vez erguida, não estiver totalmente integrada com o restante da infraestrutura portuária de Santos, estará fadada ao fracasso".

Uma Zona de Atividade Logística é usada principalmente no transporte de produtos industriais, bem como para que se agregue valor aos mesmos. Grãos ou minérios, por exemplo, terão pouco espaço ali, pois trata-se de commodities que dificilmente são conduzidas através de contêineres. Já alguns equipamentos que servirão à exploração do óleo presente na camada pré-sal do leito oceânico das águas territoriais brasileiras podem vir a ter na ZAL uma base de apoio para seu embarque rumo às plataformas de petróleo. Mas o processamento de itens industriais diversos será mesmo a grande vocação do empreendimento.

A construção da Zona, enfim, será vital para que Santos venha a movimentar, conforme previsto, 230 milhões de toneladas de carga por ano em 2025. "Depois de implantada, a ZAL será o pulmão do porto", diz Barco.

Oportunidade

A depender do modelo pelo qual a SEP optar para a construção e operação da ZAL, empreendedores terão nela boas chances de negócios. A escolha do arrendamento, por exemplo, pressupõe justamente o arrendamento de áreas dentro da Zona nas quais companhias se encarregarão de erguer instalações e, nelas, oferecer seus serviços. Considerando a extraordinária movimentação econômica que se aguarda para o porto de Santos nos próximos 20 anos, esta pode ser uma oportunidade única de extrair bons retornos a partir de um investimento inicial suportável para o empresário de médio porte.

Aportes

A ZAL parece não ser a única novidade logística prevista para a região de Santos. Mais madura do que ela, por exemplo, está a construção de um canal que permitirá a chegada, via barcaças, de matéria-prima para a Carbocloro - uma planta industrial de produção de cloro que já está em operação. "Com cerca de R$ 2 milhões nós já seremos capazes de fazê-lo", afirma Barco.

Uma das companhias de logística que atuam ali, a Libra, vai colocar em 2012 perto de R$ 102 milhões no Porto de Santos - R$ 69 milhões em infraestrutura e o restante em equipamentos. Outra grande player, a Copersucar, aplicou em sua infraestrutura local R$ 10,5 milhões em 2011 e planeja injetar outros R$ 60 milhões em 2012, ao passo que a Brasil Terminal Portuário (BTP) projeta investir R$ 408,7 milhões neste ano em suas instalações santistas. "Tanto a área do Porto de Santos quanto seu entorno têm de ser desafogadas da elevada concentração de equipamentos e mercadorias pelas quais passam, e estamos investindo nisto", finaliza Barco.


Veículo: DCI


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