Incandescentes saem de cena e LEDs serão o futuro do setor

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Começa nesta semana, no dia 30, a primeira etapa da proibição de fabricação e importação de lâmpadas incandescentes comuns, processo que deverá ser concluído até 2016. A substituição das lâmpadas menos eficientes é considerada uma das principais oportunidades de negócio para o setor de iluminação, que em 2012 espera crescer 7%. Nesta mudança, a grande vitoriosa promete ser a tecnologia LED (light-emitting diode, ou díodo emissor de luz), que deverá ter até 80% de participação no mercado mundial em 2020, segundo fabricantes.

A alemã Osram, última grande fabricante de incandescentes comuns em território nacional — GE e Sylvania fecharam suas fábricas em 2009 e a Philips, no ano seguinte — substituirá gradativamente a fabricação do produto pela manufatura de incandescentes halógenas. É o que relata o presidente da companhia no Brasil, Everton Mello.

Segundo o executivo, três tipos de tecnologias sucederão as incandescentes: as halógenas, 30% mais eficientes e com o dobro da durabilidade; as eletrônicas, que economizam 80% de energia e duram até 15 vezes mais; e as LEDs, que podem reduzir em 90% o uso de energia e duram até 25 vezes mais. “Na nossa fábrica, pelo tipo de produção que temos, tem uma indicação de ir para uma linha de halógenas”, afirma o executivo, que não revela o investimento para adaptação da planta. “Não são investimentos significativos, pois é uma adaptação das linhas de produção, não uma nova linha”, diz.

Além das incandescentes comuns, a companhia produz, em sua unidade de Osasco (SP), fluorescentes tubulares T8 e T10, lâmpadas mistas, lâmpadas de vapor de mercúrio, de sódio de alta pressão e de multivapores metálicos. Já as eletrônicas e LED são importadas de outras das 50 fábricas da empresa no mundo, principalmente da Europa e da China.

Apesar da expectativa de predominância das lâmpadas LED no futuro, Mello afirma que não vê nos próximos dois anos a possibilidade de produzir a tecnologia no Brasil. “Estudos existem, mas eles somente se transformam em realidade quando a demanda local justifica isso, e nós ainda estamos muito longe disso”, acredita. Segundo ele, quando a demanda justificar o investimento, a fábrica atual poderá ser adaptada para a nova produção.

Para o executivo, hoje a principal barreira à proliferação dos produtos que utilizam LEDs é o preço: uma lâmpada LED é de 10 a 15 vezes mais cara do que uma eletrônica. “Mas à medida  que a indústria aumentar a produção, os preços vão caindo”, diz. Ele lembra que, quando surgiu, a eletrônica era 35 vezes mais cara do que a incandescente e hoje o valor é apenas seis vezes maior.

A importadora brasileira Lâmpadas Golden não compartilha da avaliação da Osram. Para o diretor da divisão de LED da empresa, Ricardo Cricci, o atual volume de consumo já justificaria uma fábrica no Brasil. “Acho que é possível viabilizar no momento atual com uma fábrica menor. Dá para começar com uma montagem mais simples agora e, à medida que a tecnologia vai evoluindo, você vai agregando mais produtos brasileiros”, avalia. Segundo ele, hoje a cadeia  nacional de fornecedores conseguiria suprir de 40% a 50% dos componentes necessários à fabricação local. Para Cricci, o que inviabiliza o investimento atualmente é o alto custo de produção no Brasil, devido à forte incidência de impostos.

O investimento necessário para uma fábrica voltada principalmente para o setor público e grandes consumidores (como hotéis, hospitais, bancos e fachadas) seria de US$ 10 milhões, segundo o executivo. A empresa dialoga com fornecedores na China, Coreia e Taiwan sobre parcerias para a realização do aporte.

Segundo o diretor, a Golden tem hoje de 10% a 12% do mercado nacional de lâmpadas eficientes e 15% do seu portfólio já voltado para lâmpadas LED.  “Com a saída de linha das incandescentes em 2016, estamos percebendo que a migração sai da [eletrônica] compacta e entra na LED direto”, diz Cricci. Ele projeta crescimento de 20% no faturamento da empresa este ano, apesar de um primeiro semestre com queda do preço de venda, devido à superestocagem do setor, provocada por uma alta em 2011 do preço das terras-raras, minerais utilizados na fabricação de fluorescentes.

A holandesa Philips, que em janeiro do ano passado anunciou a intenção de construir no Brasil, já em 2012, a primeira fábrica de lâmpadas LED da América Latina, adiou indefinidamente este plano. “Devido ao cenário econômico isso está sendo reestudado. Não saiu da pauta, mas não temos uma data específica”, diz a diretora de Marketing e Produtos, Marina Steagall.

A fabricante americana General Electric e a importadora brasileira FLC também declararam publicamente intenção de instalar, nos próximos anos, fábricas de lâmpadas LED no Brasil.

A Associação Brasileira da Indústria de Iluminação (Abilux) espera um aumento de 7% do faturamento este ano. Em 2011, o setor faturou R$ 3,7 bilhões. Naquele ano, 90% das lâmpadas consumidas no País foram importadas, segundo a entidade. 


Veículo: DCI



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