Redução do IPI não alavancou indústria

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Com recuo de 9,26% na produção, resultado mostra que varejo realizou queima de estoques.


A desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para itens da linha branca não surtiu o efeito esperado na indústria. De um lado, está o comércio, com aumento de 15% nas vendas de eletrodomésticos entre janeiro e abril deste ano frente ao mesmo período de 2011. Do outro, a indústria, com uma retração de 9,26% na produção de aparelhos e materiais eletrônicos, onde se encaixam os produtos desse perfil. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e servem como um indicativo de que os bons resultados do varejo foram pautados na comercialização de estoques e de produtos importados.

Como não foram beneficiados com a medida de estímulo, os industriais mineiros não estão perdendo o sono com o fim da desoneração, prometida para o final deste mês. A expectativa é que o aumento das vendas, comum no segundo semestre em função da sazonalidade, aliada à queda dos juros, garanta resultados melhores até o final do ano.

O governo federal desonerou os produtos da linha branca em dezembro do ano passado para estimular o consumo dos produtos nacionais. A alíquota sobre fogões, que era de 4%, foi zerada. No caso das geladeiras, a variação foi de 15% para 5%. Já o IPI sobre as máquinas de lavar caiu de 20% para 10%. E os tanquinhos tiveram o imposto zerado.

A previsão inicial era de acabar com a desoneração em março deste ano. Mas o governo decidiu prorrogar o estímulo ao setor até o fim de junho. Empresários tentam negociar uma nova alteração da data por meio de representantes do setor industrial. Porém, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já anunciou que não haverá outra prorrogação.


Repercussão - A notícia não gerou grande repercussão entre empresários do Estado. O economista da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Guilherme Veloso Leão, explica que o retorno do imposto não trará desequilíbrio para o setor industrial. "Os dados do IBGE já nos mostram que a medida não teve nenhum reflexo sobre o setor. Os importados continuam entrando fortemente no país", afirma.

Ainda segundo Leão, a produção da linha branca em Minas Gerais não é muito forte. Por isso, mesmo que a desoneração de fato impactasse nos números do setor, o resultado geral da indústria no Estado não passaria por grandes alterações. Ele classifica a redução de IPI como "imediatista" e defende reformas mais contundentes e de longo prazo. "O ideal seria uma redução na carga tributária e a cobrança de aumento de investimento em tecnologia e em produtividade por parte do setor como contrapartida. Porque uma indústria que incorpora inovações consegue concorrer em pé de igualdade com empresas estrangeiras", afirma.

O presidente da Suggar Eletrodomésticos, Lúcio Costa, concorda que a redução de IPI não foi uma medida de grande impacto para a indústria. "Tentar melhorar um setor com uma isenção temporária como essa é o mesmo que tentar curar câncer com curativo adesivo", afirma. Ele acredita que o comércio não tenha repassado a redução para os consumidores, que foram às compras devido a um efeito psicológico conquistado com a divulgação da medida.

Costa aposta agora na sazonalidade para aumentar as vendas. Ele explica que as vendas são maiores no segundo semestre do que no primeiro. Uma das explicações é o Natal, período em que alguns presenteiam com eletrodomésticos e outros aproveitam para comprar novos para substituir os antigos em casa.

A expectativa do empresário é a de alcançar um crescimento de 20% de faturamento neste ano frente ao anterior. Ele está investindo R$ 90,2 milhões na ampliação do centro de distribuição. As obras deverão ser finalizadas no segundo semestre do ano que vem.

Já na outra ponta, o comércio varejista lamenta a desoneração da linha branca. "Com certeza vai ter um impacto negativo para as vendas", afirma o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas), Juan Moreno. Ele explica que o impacto negativo poderá ser atenuado pelo bom momento econômico. Com juros em baixa, bom nível de emprego e aumento da intenção de compra do consumidor, o comércio continuará esperando um fechamento de ano com vendas melhores que em 2011.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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