Varejo mantém aposta no design

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O resultado da parceria entre a grife italiana Versace, da designer Donatella Versace, com a rede sueca H&M deve chegar às 300 lojas da rede em meados de novembro. Serão 40 peças, femininas, masculinas e linha home, com preços que variam de R$ 60 a R$ 450. Donatella tem divulgado nas melhores revistas de moda que o que mais a encanta no projeto é a ideia de seu trabalho estar acessível a todo o mundo.

Entretanto, os benefícios vão além da democratização das criações da estilista. O mercado externo já comprovou os ganhos para todas as partes envolvidas em parcerias assim. Prova disso são Missoni, Karl Lagerfeld, Alber Elbaz da Lanvin, Matthew Williamson e Christopher Kane, que também se associaram a redes como Macy's, Topshop e Target. No Brasil, essas ações estão ganhando fôlego, principalmente nos últimos três anos. Para 2012, redes como Riachuelo e C&A prometem novidades.

"Marcas com design e assinaturas poderosas visam, nas parcerias com grandes redes de vestuário, ao fortalecimento dos negócios das próprias redes, que ganham com a grande visibilidade de mídia espontânea", explica Flávio Rocha, presidente da rede Riachuelo.

Com um modelo verticalizado de negócios, a rede incorporou com exatidão o conceito 'fast fashion' que tem por objetivo democratizar o acesso às últimas tendências das passarelas nacionais e internacionais. Atualmente, a Riachuelo possui mais de 20 milhões de clientes no cartão Riachuelo e 130 lojas próprias espalhadas pelo Brasil. A previsão é que até o fim deste ano sejam 145 lojas.

Em 2001, a empresa retomou o projeto de parcerias com o estilista Fause Haten e, em 2004, além de reformas e melhorias no layout de suas lojas, mudou também a estratégia de marketing, passando, em 2007, a comunicar moda a preços acessíveis. Em 2010, a rede expandiu as parcerias com nomes como Marcelo Sommer, Los Dos, Oskar Metsavaht e, neste ano, com Pedro Lourenço e Cris Barros, sendo esta o maior case de sucesso da rede.

"Quando realizamos um trabalho em conjunto, passamos uma ideia para o designer: o produto precisa conter seu DNA sem se vulgarizar. Corrigimos a visão caricata de consumo relacionada à classe C. O que faz a mágica de um produto diferenciado tornar-se mais barato ao chegar às lojas é a sua produção em larga escala. Este sai de uma produção artesanal e entra numa linha industrial", ressalta.

Com projeção de negociar 110 milhões de peças de vestuário até o fim de 2011, o presidente da Riachuelo informa que os produtos resultantes das parcerias representam apenas 1% do volume produzido e 2% do comercializado pela empresa, pois são peças mais caras, embora essas ações funcionem como uma poderosa ferramenta de marketing, atraindo uma clientela diferenciada.

Para o fim do ano, a empresa aposta na parceria com André Lima, Huis Clos, Juliana Jabour, Maria Garcia e Martha Medeiros. A ação, intitulada "Dream Team faz a festa da Riachuelo", é focada na venda de roupas para as datas comemorativas dessa época, como Natal e Ano Novo. Para 2012, a Riachuelo está preparando vendas seguindo essa estratégia para outras ocasiões como, por exemplo, o Dia dos Namorados.

"Juntos, os estilistas do Dream Team desenvolveram um total de 100 produtos, incluindo acessórios, e a linha chega às lojas no dia 4 de dezembro. Quando realizamos uma campanha com criadores, o produto chega a todas as lojas da rede. Para essa data específica, a aposta de vendas está entre 200 e 300 mil peças. Vale lembrar que cada ação leva no mínimo seis meses de planejamento e esperamos um retorno imediato do investimento", conta o presidente da rede.

A C&A é outra rede que vem apostando fortemente em parcerias. A primeira da rede foi em 2005, quando lançou coleções com Walter Rodrigues, Sommer e Raia de Goeye. Em 2009, criou o conceito C&A Collection, com o qual já lançou linhas desenvolvidas por grandes ícones da moda brasileira: Reinaldo Lourenço, Isabela Capeto, Amir Slama, Alexandre Herchcovitch, Sérgio K, a marca Espaço Fashion, Gloria Coelho e Maria Bonita Extra, além da renomada estilista inglesa Stella McCartney.

Segundo uma fonte do mercado, Stella McCartney recebeu € 1 milhão pelo negócio; nada mal, tendo em vista que os estilistas nacionais recebem apenas taxas de royalties que giram em torno de 2,5% sobre o volume de vendas ou o faturamento líquido obtido por temporada. Algumas coleções ganham até três reposições, dependendo da rede que as comercializa.

"O projeto com a designer inglesa foi uma ação pioneira da C&A no país; a primeira com uma estilista internacional. Stella McCartney recriou grandes hits das suas coleções e adaptou-os à silhueta das mulheres brasileiras. A estilista e sua equipe trabalharam em estreita colaboração com a equipe da rede durante cerca de um ano", explica Élio França, diretor de marketing da C&A, que prefere não revelar números sobre o acordo.

A C&A também não divulga especificamente em quantos pontos distribui os itens especiais comercializados, informando apenas que seguem para diferentes regiões do país. O fato é que esses itens não estão disponíveis em quantidade, nem em todas as lojas do país. No entanto, os resultados de mídia e marketing devem ser positivos, já que a empresa promete novas ações. "Fechamos outra parceria para este ano, que logo anunciaremos. A empresa continuará surpreendendo seus clientes com produtos de qualidade, com informação de moda e variedade", diz França.


Veículo: Valor Econômico


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