Economia deve ter fechado o primeiro trimestre com uma retração de 0,3%

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A tendência do Produto Interno Bruto (PIB) é de que o cenário de queda seja mantido até o final deste ano, puxada também pela diminuição do consumo das famílias e do governo federal

 



A economia brasileira fechou o primeiro trimestre em queda, conforme apontam indicadores, e a tendência é de que este cenário seja mantido, pelo menos, até o final do ano.

O professor do MBA Executivo em finanças do Insper, Otto Nogami, explica que não somente o consumo das famílias está fraco, como também o fato do governo ter que ajustar suas contas para atingir a meta do superávit primário - economia para pagar os juros da dívida pública - é um componente que contrai atividade econômica. "Não há uma solução para este ano. Nossa expectativa é de que o primeiro trimestre feche com retração em torno de 0,35%, ante o igual período de 2014", disse.

Por outro lado, na avaliação do professor, esses ajustes nas contas públicas são um "mal necessário" para reequilibrar a economia, de modo que o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) seja retomado ao final do ano que vem. "No começo de 2016, ainda haverá resquícios deste ano", complementa.

Indicadores


Divulgado na última quarta-feira, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), sinalizou que, pelo menos, até fevereiro, o desempenho do PIB estava negativo em mais de 1% (-1,10%), sendo que na comparação com o mesmo período, o IBC-Br no segundo mês de 2015 caiu 0,86%.

Da mesma forma, o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal), divulgado ontem, recuou 1,5% em fevereiro. E no acumulado do primeiro bimestre deste ano, a retração econômica foi de 1%.

De acordo com os economistas da Serasa Experian, a aceleração da inflação, o recuo dos níveis de confiança de empresários e consumidores, a elevação dos impostos e dos juros estão impactando negativamente o ritmo dos negócios neste início de ano.

"Pelo que estamos vivendo hoje, o quadro é de recessão. Se fechar este ano com PIB zero já será um alívio. Mas acredito que a retomada só virá em 2016", comenta Júlio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e presidente do Instituto Brasiliense de Estudos da Economia Regional (Ibrase).

O Indicador Antecedente Composto da Economia (IACE) para o Brasil - que antecipa a direção do PIB no curto prazo - também divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV/IBRE) e pelo The Conference Board, ao cair 2% em março, confirma essa tendência negativa para os próximos meses. "O Indicador Antecedente Composto da Economia recuou em março pelo quinto mês consecutivo, influenciado pelo declínio das expectativas das empresas e a fraca confiança do consumidor", afirma o economista da FGV/IBRE Paulo Picchetti, por meio de nota. "O persistente enfraquecimento do Iace sugere que as condições econômicas vão se deteriorar ainda mais", prevê.

"Apesar de o Iace ter estabilizado temporariamente ao final de 2014, a contínua queda da confiança de empresas e do consumidor está produzindo seus efeitos nas perspectivas econômicas para 2015", complementa diz Ataman Ozyildirim, economista do The Conference Board.

Indústria


Júlio Miragaya comenta ainda que a retomada da economia deve ser acompanhada, na visão dele, por uma recuperação da indústria beneficiada pelo aumento do câmbio - dólar mais valorizado que o real prejudica importações e ajuda a indústria nacional e as exportações brasileiras.

"Com o aumento da participação do setor industrial na economia a partir do ano que vem, a tendência de aproximação do avanço de municípios periféricos aos seus núcleos metropolitanos deve voltar", aponta o especialista.

Ontem, ele apresentou estudo que revela que o desenvolvimento da periferia das 15 principais regiões metropolitanas brasileiras é um fator positivo para reduzir a concentração populacional e, assim, a demanda como por empregos e necessidade de melhorias sociais de modo geral nos núcleos metropolitanos.

"O equilíbrio é sempre o mais almejado. Dados mais recentes de 2012 [mas anunciados em 2014] mostram que em lugares em que há esse equilíbrio [entre periferia e núcleo] o PIB per capita é muito próximo das capitais", aponta. "E nesses casos a produção industrial é mais presente, setor onde os funcionários são mais bem remunerados, a qualificação profissionais é maior. Além do fato de que a indústria também favorece a criação de empregos em serviços de apoio a ela", esclarece Miragaya.




Veículo: DCI


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