O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse na tarde de ontem que, ao fim de 2014, será possível que a inflação fique abaixo do teto da meta, de 6,5% ao ano.
Ele mencionou o limite de 0,86% para a inflação de dezembro. Até esse patamar, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerraria o ano abaixo do teto da meta, segundo cálculos do próprio IBGE. "Acreditamos que a inflação em dezembro será menor que isso e estaremos abaixo de 6,50%", disse Tombini ontem.
Na parte da audiência em que responde às considerações dos parlamentares, Tombini disse que a incidência de tributos indiretos com maior força nas camadas de renda menos favorecidas é um traço universal e evitou comentar sobre "temas específicos" relacionados ao assunto. "Certamente nossos colegas estarão bem posicionados para entrar em detalhes", disse.
Tombini destacou ainda avanços na área de inclusão financeira e a ampliação do uso do sistema de pagamentos brasileiro. "Nós no BC temos trabalhado na regulação para permitir essa expansão e temos visto progresso importante na inserção social do brasileiro", disse.
Acerca da obra de Thomas Piketty, "O capital no século XXI", sobre concentração de renda, Tombini disse que "novos estudos com novas bases ajudam a entender padrão de evolução da distribuição da renda no País", ponderando, entretanto, que é necessário "olhar os estudos delimitados no período estudado e lembrar da limitação da base de dados utilizadas".
Para o presidente do BC, a atual situação econômica internacional "recomenda políticas adequadas" para enfrentar o atual cenário de crise. "É importante que tenhamos políticas bem ajustadas para enfrentar esse período". Ele admitiu que não será fácil cumprir a meta de economizar 1,2% do Produto Interno Bruto para o pagamento dos juros da dívida "numa conjuntura que não é das mais benignas, para usar um eufemismo". No entanto, segundo Tombini, a entrega desse superávit primário em 2015 ajudará a fortalecer a confiança dos consumidores e dos empresários.
Tombini citou rapidamente a Rússia, de onde os investidores estão fugindo por conta das sanções internacionais e de uma perspectiva cada vez mais sombria. "Esse processo decorre de um movimento maior: a queda acentuada do preço do petróleo, que está refletindo em importantes países." Segundo ele, a Rússia aumentou em quase sete pontos os juros para tentar estabilizar o rublo. /Estadão Conteúdo
Veículo: DCI