Economistas estimam alta da atividade em julho

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Após um mês de junho bastante negativo, a atividade econômica se recuperou em julho, puxada principalmente pelo aumento da produção industrial no período, embora as vendas no varejo tenham decepcionado. De acordo com a média das projeções de 17 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 1% em julho, revertendo apenas parcialmente a queda de 1,5% no mês anterior, sempre considerando a série com ajustes sazonais.

As projeções para o indicador do Banco Central, que tenta antecipar o comportamento mensal do PIB e será divulgado hoje pela autoridade monetária, vão de avanço de 0,3% e 1,56%.

Para economistas, porém, dificilmente a economia vai manter o mesmo ritmo nos próximos meses, já que boa parte da retomada é atribuída à base fraca de comparação, com a redução de dias úteis em junho por causa da Copa do Mundo. Ainda assim, afirmam os economistas ouvidos pelo Valor, é provável que o país tenha voltado a crescer no terceiro trimestre, após duas quedas consecutivas do PIB no primeiro semestre.

Thaís Zara, economista-chefe da Rosenberg & Associados, estima avanço de 0,7% do IBC-Br em julho, mas comenta que a sua estimativa anterior era de uma alta maior, de 1,1% no período. A frustração veio do resultado da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo IBGE, que mostrou redução de 1,1% das vendas no varejo restrito (conceito que não leva em consideração o desempenho do comércio de automóveis e de material de construção)..

Thaís avalia que segmentos mais dependentes do crédito, como móveis e eletrodomésticos, que tiveram retração de 4,1%, mostram tendência mais pronunciada de declínio, e dificilmente haverá reversão desse movimento, mesmo com as medidas recentes do BC para destravar a concessão de empréstimos.

Além disso, ramos mais dependentes da renda, como super e hipermercados, que tiveram vendas 1,3% menores entre junho e julho, também dão sinais de moderação mais acentuada, o que desenha um quadro de continuidade da moderação do varejo que tem sido observada nos últimos meses.

Já a indústria, com aumento de 0,7% da produção na passagem mensal, contribuiu para resultado mais positivo da atividade econômica no mês, diz Mariana Hauer, economista do Banco ABC Brasil. Sua estimativa é de alta de 0,9% do IBC-Br, já que o setor manufatureiro pesa mais do que o comércio em suas projeções para o índice.

Mariana destaca ainda que, por causa da recuperação das vendas de veículos no período, no conceito ampliado, o comércio foi bem em julho, com alta de 0,8%, superior a sua projeção.

Apesar do desempenho mais favorável em julho, ela valia que a indústria teve apenas um "respiro" no mês, depois de meses de queda. "Até podemos ver alguma alta do setor no terceiro trimestre, mas insuficiente para recuperar a retração nos meses anteriores", diz a economista, que não vê mudança de tendência para a indústria, diante do cenário de demanda enfraquecida e estoques em nível alto.

Para Mariana, o cenário que se desenha neste início de trimestre é de confirmação da estagnação da atividade econômica. A economista estima crescimento de 0,5% do PIB entre julho e setembro, mas pondera que, mesmo se confirmado este resultado, o país encerraria o ano com avanço de apenas 0,3%. Thaís, da Rosenberg, ainda não fechou estimativas para o terceiro trimestre, mas também avalia que a economia deve ter voltado a crescer no período, ainda que pouco.



Veículo: Valor Econômico


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