Novos negócios gerados com lixo

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Um mercado de futuro milionário mira, hoje, as mudanças de hábitos dos consumidores e usuários de produtos, na etapa em que eles descartam alimentos não aproveitados. O setor envolvido em gestão do lixo, que atualmente já fatura R$ 20 bilhões, vai crescer entre 10% e 15% nos próximos anos, em estimativas de consultorias especializadas, seja por mudanças na legislação ou por pressões sociais e do mercado de consumo.

Com maior responsabilidade sobre tudo o que produzem e colocam no mercado, as indústrias, o comércio e os prestadores de serviços públicos se movimentam para adotar novas práticas baseadas em reciclagem. A transformação do lixo em ativo, como tendência, gera a perspectiva de expansão de novos nichos. Os restos da produção e do consumo deixarão de ser percebidos como uma "massa uniforme" para assumir o nome de resíduo, com várias segmentações. "O mercado está aquecido", garante o consultor Marcus Túlio Ferreira de Oliveira, sócio da Caluma, empresa especializada na montagem de projetos na área ambiental.

A expansão do segmento envolve novos compradores e vendedores de resíduos, empresas que transformam os restos gerados na produção em matérias-primas para criar soluções de demandas em fase de gestação, em alguns casos. Produtos inovadores tendem a ser cada vez mais visíveis, como a criação de concretos de segunda geração, extraídos da reciclagem de material de demolições e tijolo de resíduos de mineração, além do aproveitamento das sobras industriais para a geração de energia. "Essas coisas estão acontecendo de forma discreta, privada. Há necessidade de apoios governamentais", diz o consultor.

A sociedade vai ampliar as pressões por soluções diante do incômodo da expansão geométrica da produção de lixo. Algo especialmente preocupante diante das apostas em aumento contínuo do consumo, como estratégia de inserção social proposta pelo governo.

Marcus Túlio Oliveira identifica três fontes centrais de pressões e do surgimento de novos negócios no ciclo da produção de resíduos. Primeiro, os movimentos populares, que expandem a consciência sobre questões ambientais, inclusive pela percepção de que a própria sociedade pode ser vítima do excesso de consumo. Como decorrência, e segundo fator, existem as mudanças de hábitos da população, com a perspectiva de aumento do interesse por produtos sustentáveis. Finalmente, o consultor destaca o papel da influência do mercado externo.


Legislação - Além de ser o ano da Copa do Mundo, 2014 também será marcado pela entrada em vigor da Lei 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Ou seja, também a legislação joga a favor da expansão do mercado da reciclagem.  certo que existem pressões contrárias, como as de prefeituras de cidades que fogem de práticas sustentáveis e que resistem em alterar hábitos arraigados, descompromissados com o futuro. Mas, desde já, os brasileiros, em especial empresários do comércio e da indústria, se acostumarão a ouvir, com maior freqüência, especialistas debatendo questões sobre logística reversa.

Responsável por um estudo sobre a logística reversa de produtos eletroeletrônicos para a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a Consultoria Inventta ressalta que, a partir de 2014, a lei cobra do fabricante e da rede de negociação e de consumo alternativas para que o consumidor devolva o produto para o setor empresarial, para reaproveitamento no processo de produção ou para destinação final, ambientalmente adequada. Segundo o relatório "desde o fabricante até o consumidor, todos devem se articular para promover a destinação de resíduos de forma ambientalmente adequada".



Veículo: Diário do Comércio - MG


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