Preços do pão aumentam em média 25% em Belém

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Setor aponta alta do dólar e dos combustíveis como motivos

 



Os preços do pão foram reajustados, ontem, por diversos estabelecimentos especializados em panificação na Região Metropolitana de Belém (RMB). Os motivos alegados são a escalada dos preços do dólar, verificada nas últimas semanas, e os consecutivos aumentos nos preços dos combustíveis. A nova tabela, elevada em média em 25%, ameaça a permanência de um dos itens indispensáveis na mesa dos brasileiros: o pão francês. Como grande parte dos insumos que integram o tradicional pãozinho é importada, a elevação generalizada no preço do produto poderá ser observada ainda nas próximas semanas.

O reajuste vai impactar grande parte dos lares belenenses, uma vez que, na capital paraense, são comercializados diariamente dois milhões do chamado pão careca, em mais de quatro mil panificadoras. A solução, segundo apontam os especialistas em economia doméstica, é mudar alguns hábitos, sobretudo lançando mão da reutilização das sobras, gerando produtos verticalizados, como a torrada e a bruschetta.

O que até o começo desta semana era apenas uma previsão de aumento, antecipada pelo Departameno Intersindical de Estatísticas e Estúdios Socioeconômicos (Doeese-PA), acabou se consolidando com o reajuste da tabela em grande parte dos estabelecimentos de Belém. “O dólar sobe e o trigo acompanha a escalada. Assim, o pão careca, que custava R$ 0,45, foi reajustado para R$ 0,50”, afirmou o gerente da panificadora Expresso do Pão, Adir Martins, calculando que o quilo do pão saltou de R$ 8 para R$ 8,80. Ele destacou que, além da elevação no preço do trigo, importado da Argentina, também sofreram aumentoa de preços o açúcar e o fermento, entre outros itens que compõem o produto final. “As altas não pararam por aí. Tivemos reajuste na tarifa de energia elétrica, do combustível e no salário mínio. Ficou impossível segurar os preços, porque nossa margem já é muito apertada”, computou.

Já o vice-presidente da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, diz que ainda é possível segurar os preços, mas não por muito tempo. “Os fornecedores de matéria prima, ainda não mexeram nos custos. Ainda não nos foi repassado este aumento, ou seja, não há motivos para os estabelecimentos onerarem o valor de seus produtos”, acrescentou. Portugal disse ainda que, mesmo o aumento não ocorrendo de forma imediata, tão logo os preços sejam reajustados, serão repassados para o consumidor final. “A maior parte do trigo consumido no Brasil é importada da Argentina. Outro produto que deve gerar preocupação é o óleo de soja, em função do dólar, já que a soja é commodities, e houve um aumento no mercado interno”, completou.  

CRISE

Para enfrentar esse momento, a criatividade é de importância fundamental, para o economista Antônio Ximenes, assim como pesquisar preços e evitar desperdícios. Ele destaca que os consumidores terão pela frente diversas manobras, entre as quais ele inclui a substituição do pãozinho por biscoitos e tapioca, entre outros, bem como a diminuição na quantidade comprada. “Este é um hábito que dificilmente será alterado, por se tratar de uma tradição entre as famílias, além de ser pontualmente delicado de ser substituído. Desta forma, caberá ao consumidor aceitar este preço, mas adotar medidas que reduzam o desperdício”, acrescentou.

Para a turismóloga Thaís Silva, de 28 anos, o café da manhã jamais será o mesmo sem o tradicional pão careca. “Por conta do glúten, evito comer o pãozinho todo dia, mas, pelo menos quatro vezes por semana, não resisto à tentação”, brincou. Ela diz que em seu bairro, a unidade do produto custa R$ 0,60 nos supermercados, valor que ela considera alto se comparado às panificadoras. “Agora, sabemos que a qualidade tem seu preço, e que, às vezes, economizar acaba saindo mais caro. Gasto R$ 6 por semana, com a consciência tranqüila”, asseverou. Quanto ao preço, Thaís destaca que, mesmo aumentando, o hábito continuará inabalável.



Veículo: O Liberal - PA


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