Estudo mostra efeito de avaliação de safra no preço da laranja

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A citricultura paulista tem sido muito discutida nos últimos anos devido à queda mundial do consumo de suco de laranja, aos estoques elevados, à perda de margem de produtores e de indústrias e à redução de área e tamanho da safra.

Neste último caso, chega a haver grandes divergências entre os números de produção dos órgãos governamentais e dos privados.

Uma das discussões têm sido os efeitos dessas avaliações de safras sobre os preços recebidos pelos produtores e pelo suco exportado e até os efeitos nas cotações na Bolsa de commodities de Nova York.

Para entender esse contexto, o pesquisador científico Vagner Azarias Martins, do Instituto de Economia Agrícola, debruçou-se sobre variáveis do setor, entre elas previsão de safra, preço do suco, estoques e negociações na Bolsa de Nova York.

Martins alerta sobre a dificuldade de interpretação de variáveis econômicas, pois as séries podem ser afetadas por eventos de caráter externo. A conclusão do estudo que desenvolve, no entanto, é que a divulgação de safras tem efeito sobre os preços.

Ao analisar dados mensais dessas varáveis de 2002 a 2013, Martins e Mario Antonio Margarido, participante do estudo, constataram que a divulgação de safras do IEA, feita cinco vezes no ano, influencia os preços recebidos pelos produtores em duas delas. Na divulgação de fevereiro, o aumento nos preços é de 4,73%. Já divulgação de abril provoca uma retração de 5,68% nos preços recebidos pelos produtores.

Apesar de afetar os preços da laranja, a divulgação de safras não afeta os preços do suco exportado pelas indústrias. Essa não interferência está associada, possivelmente, aos estoques em poder das empresas, segundo Martins.

Ao divulgar as previsões de safra de laranja, o IEA pode interferir também nos preços do suco em Nova York. A estimativa de junho provoca elevação, na média, de 3,19% nos preços da Bolsa do mês seguinte.

Esse efeito corre também em outubro, quando o Usda (Departamento de Agricul- tura dos Estados Unidos) divulga a estimativa de sa- fra dos norte-americanos. Nesse caso, o aumento médio é de 1,97%.

Martins analisou, ainda, os efeitos da divulgação dos estoques de suco brasileiro pelas indústrias, o que normalmente ocorre em julho. Nesse caso, o aumento nos preços recebidos pelos produtores é de 4,96%, mas com defasagem de oito meses.

Ao divulgar os estoques, a CitrusBr influencia também os preços do suco em Nova York, com alta de 3,33%, com defasagem de um mês.

Flávio Viegas, da Associtrus (representante dos produtores), diz que o estudo é importante porque o produtor tem carência de informações, principalmente as confiáveis. "Muitas chegam ao produtor distorcidas."

Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, diz que o estudo é um primeiro passo e mostra que o setor público se engaja nas pesquisas.

Ele acredita que o estudo deveria colocar novas variáveis, como demanda e estimativas de safra do próprio CitrusBr.

Um dos problemas atuais são as diferenças de pesquisas entre setor público e privado, alerta ele.



Veículo: Folha de S.Paulo


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