Custo menor atrai lojistas em supermercados

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Flávia Milhassi


Aluguel abaixo do mercado, fluxo de pessoas e rendimentos expressivos têm atraído um número maior de franquias às galerias comerciais de supermercados. Considerados uma reinvenção dos shopping centers, grandes redes como Walmart e Grupo Pão de Açúcar (GPA), até players regionais, ao estudarem novas unidades já pensam e até procuram redes de franquias para parcerias.

"Hoje, as principais redes supermercadistas do Brasil (Walmart, GPA e Carrefour) têm braços específicos para negociar com marcas como a nossa", afirmou ao DCI o diretor de rede de varejo da CVC, Roberto Vertemati. O executivo explicou que a agência de viagens tem 117 unidades operando em supermercados, o que representa 14% das operações da CVC. "Tanto a mudança do hábito do consumidor como a questão da comodidade têm elevado o crescimento desse nicho no franchising como um todo", disse o executivo.

Outro ponto ressaltado por Vertemati foi a reinvenção dos supermercados. "O que antes era considerado pelo consumidor um local apenas para o abastecimento das dispensas, tem se tornado um espaço em que você consegue almoçar, adquirir medicamentos, tomar um bom café e comprar um pacote de viagens", argumentou Vertemati.

Com 830 lojas em operação atualmente, a rede tem como meta abrir 100 novas lojas por ano, boa parte delas deve ficar em hipermercados. "Estamos sempre à procura de novos negócios e as redes supermercadistas, em especial do interior, que não têm shopping center, são sempre uma boa oportunidade", conforme explicou o executivo.

Custos baixos

Entre os fatores que têm auxiliado o crescimento no número de franquias nos supermercados, o investimento bem abaixo do necessário para a abertura de uma loja em um shopping center ganha destaque, por exemplo. "Se não for a metade do valor, eu posso dizer que é menos da metade do custo necessário para abrir uma loja em um shopping", explicou o diretor-presidente da consultoria Global Franchise, Paulo César Mauro. O especialista reforçou a questão de o supermercado estar se tornando uma nova versão dos shopping centers. "Hoje tem supermercados que operam em conjunto com 50 marcas de franquias. Essa é a forma que eles encontraram de rentabilizar, ainda mais, suas lojas".

A informação é confirmada pelo diretor executivo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Camargo. "Além do aluguel menor, geralmente o investimento chega ser de 3% a 4% mais barato que o convencional", disse. Para Camargo, franquias e supermercados operando em conjunto fazem com que ambos ganhem. "Os supermercados geram fluxo de pessoas e as franquias ajudam a trazer comodidade que o consumidor procura."

O especialista afirmou também que, por ser um local em que o trânsito de pessoas é bem menor que o dos shoppings, as redes devem ficar atentas apenas ao faturamento. "O lucro é menor, por isso, é necessário um estudo profundo sobre a viabilidade do projeto para que a marca e o empresário não saiam perdendo ao investir nessas galerias comerciais."

A viabilidade da operação também foi ressaltada pelo diretor-presidente da Global Franchise. Mauro ressaltou que só entram nos super e hipermercados modelos de negócio que não vão gerar concorrência para os donos das bandeiras. "Nenhuma rede supermercadista vai querer concorrência, então só as franquias que não competem diretamente com os produtos ofertados pelos supermercados poderão apostar nesse nicho que tem despontado no País."

Para Mauro, padarias e delicatessen, por exemplo, não teriam espaço nesse mercado, mas lojas de roupas, operações de fast-food (Giraffas, Burguer King e McDonald's) têm boa presença em supermercados e negócios relacionados a serviços tem todo potencial para crescer ainda. "O Boticário, por exemplo, tem muito espaço para crescer, pois seus produtos não competem com os vendidos nos supermercados", disse ele. A marca mencionada pelo especialista em franchising tem 600 unidades operando em supermercados. Ainda segundo Mauro, especula-se no setor que a bandeira francesa Carrefour tem estudado diminuir a área do supermercado (venda de alimentos e não alimentos )para aumentar o espaço das galerias. "Com essa estratégia eles aumentam a rentabilidade, pois vendem alimentos e ainda ganham com aluguel", argumentou o especialista.

O mesmo tem acontecido com os postos de gasolina. "Eles sublocam lojas e aumentam a lucratividade da operação", explicou Mauro. Para Ricardo Camargo, nesse caso, a atenção tem que ser a mesma ao abrir uma franquia em um supermercado. "Tem que analisar o fluxo de pessoas, o público frequentador do espaço para saber se o projeto terá retorno ou não", adverte.

Parceria sólida

A sinergia entre as operações tem dado resultados positivos ao Grupo Pão de Açúcar. Por meio do braço operacional GPA Malls, o grupo soma mais de 200 galerias comerciais administradas no Brasil; 280 mil metros quadrados de Área Bruta Locável (ABL) e mais de 3,5 mil contratos com lojistas e parceiros.

Players como Smart Fit, Alô Bebê, O Boticário, Subway, Fotótica, Pet Center Marginal, Burger King, McDonald's, Centauro, Cinemark, UniBH, Estripuliua, Star Chicken, Barred's e Óticas Carol operam lojas nas bandeiras pertencentes ao grupo. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da empresa confirmou potencial da parceria: supermercados e franquias. "O GPA sempre trabalhou com a locação de espaços mas, recentemente, passou a enxergar grande potencial com esse serviço, por isso, tem trabalhado na expansão e revitalização das galerias."

Ainda segundo a rede supermercadista, cada loja tem uma estratégia para a abertura de franquias. "Primeiramente, é preciso entender a vocação da galeria para definir um mix adequado que atenda à demanda da região. Além de analisar o conjunto de lojas, o GPA Malls se preocupa em oferecer espaços práticos, mesclando serviços de conveniência e convivência."


Veículo: DCI


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