Brasileiros pensam consciente sobre modo de consumo

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Estudo revela que 63,55% dos entrevistados acreditam que ter consciência é sua responsabilidade

São Paulo - Há alguns anos intensificou-se o amplo debate acerca do impacto da ação humana sobre os recursos naturais e, nesse processo, teve início o debate sobre as responsabilidades individuais, corporativas e coletivas. A obsolescência de produtos, a aquisição de alimentos orgânicos e a adequação de processos de produção que privilegiem a economia de água e energia elétrica passaram a ser uma preocupação de cidadãos de diferentes vertentes, que se converteram em eco-friendly. Nesse contexto, o conceito de consumo consciente surgiu em forma de um movimento que tem impelido o indivíduo a adotar práticas para minimizar o impacto ambiental do consumo.

A pesquisa da Shopper Experience, realizada em parceria com a revista Consumidor Moderno, "Consumo Consciente" - que conta com 1.520 entrevistas, homens e mulheres, das classes A, B e C, de 21 anos a 65 anos, residentes nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba - aponta que 63,55% dos consumidores brasileiros acreditam que o próprio consumidor é responsável por atitudes responsáveis com relação ao consumo. Na segunda posição do ranking, aparece o governo (57,17%), seguido por empresas brasileiras (45,99%); empresas multinacionais (45,33%); organizações internacionais (36,51%); ONGs (36,18%); países ricos (32,04%); e países pobres (28,09%).

A pesquisa traz um ranking com as empresas que mais representam o Consumo Consciente nas categorias alimentos, refrigerantes, limpeza para casa, higiene pessoal e perfumaria, eletrodomésticos, eletrônicos, carros nacionais, varejo eletro, varejo moda, supermercados, hipermercados, farmácia, fast food, varejo materiais de construção, loja virtual e companhias aéreas.

Segundo Stella Kochen Susskind, presidente da Shopper Experience e coordenadora da pesquisa, a crise econômica mundial trouxe a busca por uma vida sustentável - tendência que influenciou o brasileiro. "A pesquisa mostra claramente que o consumidor brasileiro está repensando valores e atitudes; reposicionando o modo de viver e avaliando o impacto dos hábitos de consumo na saúde econômica e socioambiental do planeta", avalia a executiva, acrescentando que o consumidor quer ter marcas e governos como parceiros nesse processo de consolidação de um consumo mais consciente em toda a cadeia de produção. "Mas, cabe ressaltar que poucas marcas estão prontas para serem parceiras desse novo consumidor", finaliza.

Já Roberto Meir, especialista internacional em relações de consumo e idealizador da pesquisa, ressalta a importância de se alinhar o discurso das marcas e governos a esta nova ética de consumo. " fundamental que empresas e autoridades se adequem a esta nova cultura, que visa à redução de impactos ambientais e eficiência de recursos", afirma o especialista, complementando que, com o aumento do poder aquisitivo, ficou evidente um maior desperdício e indolência por parte da população. " preciso fornecer cada vez mais informações para orientar as escolhas dos consumidores", conclui. Destaques da pesquisa:


- Entre as práticas individuais - iniciativas do cidadão -, mais associadas pelos consumidores ao consumo consciente destacam-se o não desperdício de água (64,08%); reciclagem e separação do lixo (60,79%); economia de energia elétrica (59,14%); comprar produtos de empresas socialmente responsáveis (52,11%); evitar descarte de alimentos (44,28%); comprar produtos orgânicos (42,76%); utilizar o transporte público (41,05%); se utilizar carro, dividir com caronas (40,39%); trocar o carro pela bicicleta (38,82%); e não consumir produtos testados em animais (30%).


- No âmbito econômico, sinônimo de consumo consciente individual é evitar compras por impulso (57,57%); seguido por uso consciente do crédito (48,95%); não acumular dívidas/controle de dívidas (49,28%); alocação consciente do orçamento familiar (48,16%); poupar parte dos ganhos (47,89%); pedir nota fiscal (37,04%); declarar notas fiscais em sistemas de controle (26,38%); usar créditos das notas para dedução de impostos (28,29%); e fazer previdência privada (23,95%).


- No âmbito social, as práticas mais associadas ao consumo consciente individual são evitar comprar produtos de empresas envolvidas em casos de exploração infantil e trabalho em locais inadequados (55,33%); doar bens não utilizados para instituições de caridade (55%); realizar trabalho voluntário (48,16%); participar de algum projeto social (45,79%); doar dinheiro para instituições de caridade (18,29%); participar de petições e protestos nas redes sociais (17,96%); e participar de manifestações nas ruas (11,71%).


- No âmbito ambiental, as práticas individuais são utilização de materiais recicláveis (59,80%); reciclagem de lixo (59,01%); adoção de práticas de redução de resíduos poluentes (56,97%); programas e iniciativas de redução do impacto ambiental (54,74%); utilizar papel reciclado/ecológico (52,30%); investimento em inovações baseadas na sustentabilidade (49,93%); manejo sustentável de insumos naturais (45%); e controle do material consumido (42,11%).


- Sobre a questão relativa a práticas ambientais de consumo consciente associadas a empresas, o ranking é encabeçado por utilização de materiais recicláveis e reciclagem de lixo, respectivamente 59,80% e 59,01%. Na última posição, com 34,28%, está a não realização de testes de produtos em animais.


- No âmbito econômico, as empresas que são mais associadas ao consumo consciente realizam programa de educação financeira voltada ao consumidor (48,49%) e têm programas de capacitação socioambiental para os colaboradores (48,03%). As empresas que mantêm doações para entidades filantrópicas são apontadas por 22,76% dos entrevistados como sinônimo de consumo consciente.


- No âmbito social, as empresas que merecem destaque na opinião dos entrevistados são as que mantêm patrocínio/apoio a projetos e causas sociais (51,12%); em segundo lugar no ranking, com 50,66% está a educação do consumidor sobre práticas para um modo de vida mais sustentável. Ações de disciplina para evitar qualquer tipo de discriminação foram apontadas por 34,34% dos entrevistados como a principal prática empresarial de consumo consciente. As empresas que mais representam o conceito de Consumo Consciente:


- Alimentos: Nestlé (26,36%);

- Refrigerantes: Coca-Cola (21,28%);

- Limpeza para casa: Ypê (23,74%);

- Higiene pessoal e perfumaria: Natura (60,83%);

- Eletrodomésticos: Electrolux (22,29%);

- Eletrônicos: Samsung (19,43%);

- Carros nacionais: Fiat (10,36%);

- Varejo eletro: Walmart (14,99%);

- Varejo moda: Hering (29,19%);

- Supermercados: Pão de Açúcar (29,94%);

- Hipermercados: Walmart (15,63%);

- Farmácia: Ultrafarma (15,02%);

- Fast food: McDonald´s (10,67%);

4 Varejo materiais de construção: Leroy Merlin (27,77%);

4 Loja virtual: Mercado Livre (8,88%);

4 Companhias aéreas: TAM (18,24%).



Veículo: Diário do Comércio - MG


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