Estoque em alta faz lojistas anteciparem as promoções

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Estoques elevados, especialmente em São Paulo, fizeram com que os lojistas antecipassem o período de promoções. Em anos anteriores elas foram promovidas em janeiro e analistas ouvidos pelo DCI afirmaram que os lojistas não querem começar o ano com sobras. Nos lojistas da região do Brás, no centro de São Paulo (SP), o excesso de produtos e as variações climáticas - frio durante o verão e calor durante o inverno - fizeram com que houvesse menor demanda nas compras nas semanas que antecedem o Natal. "A promoção, que geralmente acontece em janeiro, teve de ser antecipada. Os lojistas do Brás estão com estoques altos nesse momento e não querem começar o ano com ele", explicou o conselheiro executivo da Associação de Lojistas do Brás (Alobrás) Jean Makdissi Junior.

Mesmo com a entidade a projetar crescimento de 6% nas vendas dezembro desse ano na comparação com 2012, no ano passado, essa antecipação de promoções não ocorreu. "Isso foi um movimento sentido nesse período. No ano passado, os lojistas desovaram o estoque excedente, que não era tão alto, em janeiro", disse. Makdissi Junior não soube mensurar o quanto esses estoques continuam altos.

A opinião de que os estoques em alta foram os responsáveis pela antecipação do período de promoções foi afirmada também pelo especialista em shopping center e varejo e diretor executivo da Make it Work, Michel Cutait. "Tivemos iniciativas pontuadas dos shoppings de tentar antecipar as compras de Natal ao inaugurar as decorações e fazer anúncios da data no final de outubro e começo de novembro, mas isso, pelo que me parece não aconteceu."

Cutait acredita que, como o ano foi de altos e baixos para o comércio, os lojistas fizeram seus planejamentos acreditando que teriam estoques menores nos meses de setembro, outubro e novembro. "Quando as empresas fizeram o planejamento de vendas durante o ano todo, imaginaram um ano muito positivo - não foi ruim mas, não foi tão positivo - alguns varejistas aumentaram o estoque e não conseguiram dar vazão em setembro, outubro e no começo de dezembro."

Outro ponto ressaltado por Cutait foi o hábito de consumo dos brasileiros. "De alguns anos para cá, os lojistas de shopping e até de rua, tentam fazer com que o consumidor antecipe as compras de Natal, mas isso não tem dado certo. Eles esperam a primeira parcela do décimo terceiro salário para pensar no que será comprado, e a segunda parcela para efetivar a compra", disse.

O especialista em shopping argumentou que é cedo para dizer que as vendas de Natal ficaram abaixo das estimativas, uma vez que os dias mais importantes de compras começam efetivamente cinco dias antes da data. "O brasileiro deixa sempre tudo para a última hora, é uma questão cultural", afirmou ele.

A Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), estima que no último final de semana - 21 e 22 de dezembro - mais de 16 milhões de brasileiros foram as compras no País. Anteriormente as entidades um estudo em que questionaram os consumidores brasileiros sobre os hábitos de compra no período. Entre mais de 600 pessoas, em todo o País, 4% afirmaram ter antecipado as compras há três meses. Outros 22% falaram que as compras foram feitas em novembro.

Para o especialista em varejo, Michel Cutait, o Black Friday, mesmo com todos os percalços foi o responsável por esse fenômeno. "Mesmo ainda tímido no Brasil, o Black Friday é considerado por muitos consumidores a oportunidade de comprar os produtos de maior valor agregado."

Ainda segundo dados da CNDL e do SPC, 54% dos brasileiros, ou 49,5 milhões de pessoas, comprariam seus presentes na primeira quinzena de dezembro; seguido de 18% que fariam suas aquisições há uma semana do Natal. Da amostra, apenas 2% preferiram deixar as compras para janeiro, período de liquidações em todo o País.

Destaque


Para o diretor de relações institucionais da Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop), Luís Augusto Ildefonso da Silva é comum os varejistas criarem algumas promoções para as vendas de Natal. "Não acredito que os estoques estejam tão altos, atribuo as promoções como forma de atrair o cliente a loja", disse. A entidade estima que os produtos que terão maior destaque em vendas serão os das categorias: moda, calçados, bijuterias, perfumaria e cosméticos, pelo menor valor agregado.

Já os itens relacionados a eletroeletrônicos, eletrodomésticos e produtos de alta tecnologia devem ter menor demanda nos próximos dias em razão da elevação de seus preços, devido a seus componentes que variam em função da alta do dólar e dependem do crédito, bem como da alta progressiva do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI).




Veículo: DCI


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