Produtores de café gourmet miram consumidor final

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Café Santa Monica lançou embalagens em tamanhos menores este ano a pedido dos clientes e espera crescer 20%

De olho no crescente interesse pelo café gourmet, pequenos e médios produtores do grão aproveitam para estabelecer um relacionamento direto com o consumidor. É o caso do Café Santa Monica,que só fornecia o produto para restaurantes, padarias e cafeterias, mas passou a trabalhar este ano com embalagens menores e venda em empórios. Já o produtor Luiz Cláudio Cruz criou um clube de assinaturas para entregar o café diretamente na casa do cliente.

Na avaliação do diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, esse movimento dos produtores evidencia o crescimento do mercado e mostra também que o consumidor deseja e aceita pagar mais por um produto de qualidade.

No ano 2000, não existia ne- nhuma marca de café gourmet no Brasil. Hoje, a Abic certifica 110 marcas, que representam de 3% a 4% do volume total de café consumido no Brasil – aproximadamente 800 mil sacas. O mercado estima que essa participação pode chegar a 10% nos próximos dez anos.

O Café Santa Monica, entretanto, existe desde 1985 e foi idealizado pelo engenheiro Arthur Moscofian Junior, representante da terceira geração de produtores de café da família em Minas Gerais. “Também tínhamos restaurantes e compramos uma máquina de café expresso, mas não conseguíamos ter um bom café no mercado. Resolvi aprender a melhorar a lavoura e a torrar café”, conta o engenheiro, que apesar de contar com 620 obras no currículo, passou a se dedicar apenas ao negócio familiar.

Com a meta de fazer sempre o melhor café possível, a empre- sa investiu em certificação, apri- moramento da mão de obra e ainda na fertirrigação – trata-se de uma técnica que utiliza água de irrigação para levar os nu- trientes às plantações. E para obter um café naturalmente do- ce, o engenheiro desenvolveu até uma técnica especial.

“A cada cinco anos, jogamos casca da laranja embaixo do pé de café para que o ácido cítrico da casca vá até o grão em forma de açúcar”, revela Moscofian.

O interesse do consumidor pelo café Santa Monica começou a crescer há cinco anos, quando os clientes dos estabelecimentos que serviam a bebida começaram a pedir o produto para levar para casa. A estratégia da empresa foi lançar, então, embalagens de 250g e 500g de café moído e de 250g e 1kg de café em grãos. Em 2012, a fazenda registrou faturamento de R$ 6,3 milhões. E a torrefadora, que também faz a torra para ou- tras marcas, R$ 7,8 milhões. “Queremos manter o crescimento de 20% ao ano”, pontua.

Já o empresário Luiz Cláudio Cruz produz café há dez anos em sua fazenda, localizada no Cerrado Mineiro, e estudava maneiras de chegar ao consumi- dor final. Criar uma marca e colocar o produto no supermercado mostrou-se um investimento alto e com muitos concorrentes. A saída foi investir R$ 150 mil em um clube de assinaturas para entregar o café na casa do cliente. “Temos dois grandes desafios: mostrar para o consumidor essa alternativa de consu- mo e a barreira do frete.”

Para o coordenador de estudos e pesquisas do Provar/FIA, Nuno Fouto, apesar de se tratar de um mercado com potencial, os empresários precisam tomar cuidado com o preço. “Existe um mercado relevante, mas isso não significa trabalhar com a margem que quiser. Esse é um erro que o brasileiro muitas vezes comete quando tenta se diferenciar e se posicionar em um mercado mais premium. O desafio é oferecer um diferencial com preço compatível.”



Veículo: O Estado de S. Paulo


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