Demanda dá sustentação a commodities, diz Monsanto

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A demanda mundial por alimentos tende a seguir em ligeira expansão nos próximos anos e essa tendência pode prolongar o ciclo de preços elevados das commodities agrícolas, a despeito da curva de baixa observada nos últimos meses.

A avaliação é do vice-presidente executivo de estratégia global da multinacional americana Monsanto, Kerry Preete, que lembra que outros prognósticos de queda continuada dos preços já foram feitos no passado e que os atuais patamares seguem em geral favoráveis aos agricultores. E, conforme Preete, a produção também continuará em alta.

"Mesmo que existam pessoas que apostem na queda da demanda, sempre estaremos discutindo como produzir mais para um mundo cada vez maior", afirma. Para Preete, os constantes melhoramentos genéticos permitem que a produtividade continue em alta no mundo. A Monsanto é líder global no desenvolvimento de sementes transgênicas.

A Monsanto investe mais de US$ 1,4 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos, ou cerca de 10% de seu faturamento global, que foi de US$ 13,5 bilhões no ano passado.

O cenário traçado por Preete vai contra as análises que sustentam que o atual ciclo de alta das commodities, inclusive agrícolas, pode estar com os dias contados. A tendência, segundo essa linha, é que a agricultura vai experimentar um longo período de "moderação", com maior equilíbrio entre oferta e demanda por alimentos e margens de lucro mais apertadas no campo.

Para Preete, mesmo que o ritmo de aumento demanda chinesa por carnes perca fôlego nos próximos anos, e que o mesmo aconteça com uso de milho para a produção de etanol nos EUA, por exemplo, o mercado não será prejudicado. De acordo com Preete e outros representantes de grandes grupos globais do setor de agronegócios, a população mundial ainda cresce e, consequentemente, estimula o aumento da produção de alimentos.

Para Pedro Dejneka, sócio e analista de mercado da PHDerivativos, a demanda é uma variável constante, e o que pode gerar variações nos preços são choques na oferta, principalmente por problemas climáticos. A atual falta de chuvas no Meio-Oeste americano, por exemplo, traz insegurança no volume que pode ser colhido de milho e soja e acaba puxando os preços para cima.


Exportações de soja em grão "roubam" espaço de derivados

 
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) elevou em 1 milhão de toneladas sua projeção para as exportações de soja em grão do país neste ano. Conforme relatório divulgado ontem pela entidade, os embarques deverão somar 40,5 milhões de toneladas no ano comercial 2013/14, que terminará em janeiro do ano que vem. Se confirmado, o volume será 27% superior ao do ciclo passado (31,9 milhões de toneladas) e representará um novo recorde.

Se vai exportar mais matéria-prima, o Brasil vai industrializar menos soja do que o estimado anteriormente. Segundo a Abiove, o esmagamento tende a totalizar 35,9 milhões de toneladas do grão, 800 mil a menos que o previsto em julho. Isso significa uma queda de 0,9% em relação às 36,2 milhões de toneladas processadas no ciclo anterior. O volume processado é ainda o menor desde o ciclo 2010/11 (35,7 milhões de toneladas).

Com isso, a produção estimada de farelo no atual ano comercial foi reduzida de 27,9 milhões para 27,3 milhões de toneladas, enquanto a de óleo cai de 7,05 milhões para 6,9 milhões de toneladas - nos dois casos, queda de 1% em relação ao ciclo passado. As exportações estimadas de farelo foram reduzidas de 13,8 milhões para 13,2 milhões de toneladas e as de óleo, de 1,5 milhão para 1,35 milhão de toneladas - retrações de 4% e 19,5%, respectivamente, na mesma comparação.

Se confirmadas, as exportações de farelo serão as menores desde o ciclo 2009/10. Já as de óleo são as menores em pelo menos dez temporadas - em 2003/04, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas do derivado. Segundo o secretário-geral da Abiove, Fabio Trigueirinho, o aumento das exportações de soja - em detrimento das de farelo e óleo - reflete a forte demanda da China pela matéria-prima, a menor oferta de soja nos Estados Unidos (principal concorrente do Brasil) e também a perda de competitividade nacional em relação à Argentina.

A receita prevista pela Abiove para as exportações do chamado complexo soja (grão, farelo e óleo) em 2013 continuou no mesmo patamar indicado pelas projeções de julho. Serão US$ 28,51 bilhões, 9,1% mais que em 2012 e também um novo recorde. Segundo a entidade, os embarques do grão deverão render US$ 21,06 bilhões, 20,7% mais que no ano passado, enquanto os de farelo chegarão a US$ 6,07 bilhões (queda de 7,9% em igual comparação) e os de óleo deverão ficar em US$ 1,38 bilhão (baixa de 33,5%).

Em agosto, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados ontem, as exportações de soja em grão do país renderam quase US$ 2,9 bilhões, um aumento de 104% em relação ao mesmo mês de 2012. O resultado refletiu o expressivo aumento do volume embarcado, que subiu 120% na comparação. Mas o preço médio caiu 8,2%, para US$ 538,4 por tonelada. E os embarques dos derivados registraram quedas. A receita do farelo recuou 10,4%, para US$ 619,4 milhões, enquanto a do óleo caiu 57%, para US$ 89,3 milhões.




Veículo: Valor Econômico


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