Na quarta-feira passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou, em Varginha, Sul de Minas, a implantação de um programa de Opções Públicas de Venda que envolverá 3 milhões de sacas de 60 kg de café, para exercício em março de 2014, a um preço unitário de R$ 343, o que implica a destinação de R$ 1,03 bilhão às políticas estratégicas do setor.
O Conselho Nacional do Café (CNC) entende que essa medida, ainda que tardiamente, vem ao encontro das necessidades pontuais do setor, pois extinguirá uma pressão vendedora, haja vista que o produtor poderá adquirir os financiamentos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e aguardar para negociar parte de sua safra mais adiante, quando acreditamos que o mercado apresente preços melhores em relação às defasadas cotações atuais, podendo, no mínimo, cobrir seus custos de produção e almejar lucro na atividade.
Após intensas rodadas de negociações das lideranças da produção, como o CNC e a Comissão Nacional do Café da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), com o governo federal, nas esferas da Casa Civil e dos ministérios da Agricultura, da Fazenda e do Planejamento, aos quais agradecemos pelo trabalho empenhado, o setor entende como positivo o anúncio dos leilões de opções, ainda que não ao valor por saca de R$ 360 que desejávamos, principalmente por sinalizar ao mercado um valor piso pelo qual venderemos nosso produto. Isso implica que não aceitamos os preços aviltados praticados e que vamos comercializar a saca a partir do valor referencial de R$ 343.
Em reunião extraordinária realizada também na quarta-feira passada, o Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) ratificou a distribuição dos recursos do Funcafé para a safra 2013/14, os quais somarão R$ 3,16 bilhões. A distribuição dos valores para cada uma das linhas de financiamento ficou definida da seguinte maneira: estocagem, R$ 1,140 bilhão; custeio/colheita, R$ 650 milhões; FAC, R$ 500 milhões; capital de giro para: cooperativas, R$ 450 milhões; torrefação e moagem, R$ 200 milhões e solúvel, R$ 150 milhões; mercado de futuros e opções, R$ 50 milhões; recuperação de cafezais: R$ 20 milhões.
Além disso, foi anunciado que o Banco do Brasil destinará mais R$ 1,570 bilhão (recursos próprios, a taxa de juros do crédito rural) ao setor, sendo R$ 1 bilhão para aquisição e estocagem do produto, e R$ 570 milhões para compra por parte do setor industrial. Dessa maneira, a destinação total de recursos à cafeicultura na safra 2013/14 totaliza R$ 5,76 bilhões (R$ 3,16 bi do Funcafé, R$ 1,570 bi do BB e R$ 1,03 bi para o programa de Opções), o maior registrado na história, apesar do atraso na liberação da verba.
Ainda na reunião extraordinária do CDPC, os representantes do governo federal informaram que os agentes financeiros interessados em operar com recursos do Funcafé já negociaram e assinaram os contratos nesta semana, o que implica que a operacionalização desse capital começará a partir da semana que vem.
A conquista dos instrumentos emergenciais de apoio ao ordenamento de oferta e sustentação de renda para os cafeicultores foi muito positiva frente ao cenário mercadológico atual, em que a visão imediatista dos especuladores sobrepõe-se ao quadro fundamental de médio e longo prazos. Entretanto, o CNC também defende e trabalha para a construção de medidas estruturantes de longo prazo para cafeicultura nacional, que se baseiem na inteligência de mercado e promovam o incremento da competitividade do café brasileiro no mundo.
Veículo: Diário do Comércio - MG