Cai interesse por comércio bilateral

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As dificuldades na exportação para o país vizinho provocaram redução no número de empresas dedicadas ao comércio bilateral, segundo mostrou a presidente Dilma Rousseff à mandatária argentina, Cristina Kirchner, no encontro que tiveram há um mês. De 2011 para 2013, o número de exportadores com vendas à Argentina caiu 10,9%, de quase 5,4 mil para pouco menos de 4,8 mil. Também caiu, em 10,6%, o número de importadores, de quase 4,5 mil para menos de quatro mil.

A Argentina é o primeiro passo na internacionalização das empresas brasileiras e a queda no interesse pelo comércio bilateral com o país vizinho levou o governo brasileiro a preparar missões comerciais para outros mercados promissores na América Latina, como Colômbia e Peru. A Agência de Promoção de Exportações (Apex) deve abrir em breve um centro de negócios na Colômbia. "O grau de imprevisibilidade na Argentina chegou a um ponto que o empresário brasileiro reduziu seu ímpeto em chegar àquele mercado", atesta o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel.

"Representávamos metade do que a Argentina importava, e hoje estamos reduzidos a 25%; o espaço foi ocupado pela China", comentou Pimentel. Ele se queixa de que exportadores de vestuário tiveram prejuízo ao montar operações de venda na Argentina e, ao preparar as remessas, esbarrar em dificuldades para obter a Declaração Juramentada de Importações (Djai). "Também há limitações nas remessas de divisas", diz. "A Argentina não deixa de ser um mercado importante, mas teremos problemas sérios até entrar em um novo ciclo".

As incertezas nos preços de commodities têm levado exportadores argentinos a reter parte da produção, e o aumento na demanda energética põe maior pressão sobre as contas comerciais, alerta Maurício Claverin, da consultoria abeceb.com. As importações de energia da Argentina geraram, neste ano, um déficit de US$ 1,8 bilhão no setor - que, no mesmo periodo de 2012, registrou um superávit de US$ 300 milhões. São US$ 4,2 bilhões a menos nas contas do vizinho.

O ex-secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, vê com preocupação a reação de setores empresariais no Brasil, que começam a falar em eliminar a união aduaneira imperfeita do Mercosul trocando-a por uma cordo de livre comércio com o vizinho. "Em alguns casos, a tarifa externa comum só existe na Argentina porque interessa ao Brasil, para dar competitividade contra concorrentes no mercado de lá", adverte o economista.



Veículo: Valor Econômico


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