Brasil será o primeiro país fora da Ásia a fabricar PlayStation 3

Leia em 4min 30s

Depois de anos de expectativas, a Sony anunciou ontem que vai fabricar no Brasil o console de videogame PlayStation 3. A produção será feita na unidade da companhia na Zona Franca de Manaus, onde já são feitos produtos como televisores e aparelhos de som. Será a primeira unidade de fabricação do console fora da China e do Japão. O valor do investimento não foi revelado. Com a produção local, o preço do PlayStation 3 terá uma redução superior a 30%, passando de R$ 1.599 para R$ 1.099. Mas a empresa avalia o lançamento de outros pacotes ao longo do ano, inclusive com a possibilidade de preços menores. Os equipamentos feitos no Brasil chegarão às lojas nos próximos dias.

Em outubro do ano passado, a Sony apresentou um projeto de US$ 50 milhões para a produção de videogames no polo de Manaus, mas sem especificar qual seria o modelo. A Sony tem em sua linha de produtos três consoles: o PlayStation 3 e os portáteis PSP e PS Vita. De acordo com Jack Tretton, executivo-chefe da Sony Computer Association Americas (SCEA), unidade que responde pelos negócios de PlayStation no continente, a ideia é trazer para o Brasil a produção de todos os consoles, mas ainda não há um plano para isso.

Segundo o executivo, a produção do PlayStation 3 injetará US$ 300 milhões na economia brasileira nos próximos 12 meses, entre investimentos diretos da Sony, de seus parceiros e da venda de jogos e consoles. "No ano passado, as vendas do PlayStation 3 no país cresceram 168%. Esperamos que com a fabricação local possamos manter uma expansão de 120% por alguns anos", disse ao Valor.

A estimativa é que o console tenha vendido cerca de 300 mil unidades no país em 2012. Segundo o executivo, a fábrica de Manaus atenderá à demanda do Brasil e, eventualmente, também a outros países da América do Sul. "O Brasil é o mercado mais importante da região e pode ser um dos mais importantes do mundo para a Sony já que em mercados maduros as vendas de videogames estão estagnadas", disse. O início da fabricação será o tema de uma campanha de marketing de R$ 10 milhões para promover o PlayStation no Brasil.

Apesar de ter entrado no mercado de videogames em 1994 com o lançamento do primeiro PlayStation, a Sony só passou a vender a linha de forma oficial no Brasil em 2009. Antes disso, os aparelhos chegavam ao país nas malas dos turistas, ou por meio de distribuidores e da importação direta dos varejistas, que muitas vezes traziam o aparelho pelo mercado cinza, que é de contrabando ou de origem duvidosa. "Queríamos ter iniciado a fabricação antes, mas precisávamos garantir as condições corretas em termos de qualidade de produção e de incentivos do governo", disse.

Para alguns especialistas, a estratégia de vendas oficiais sem fabricação local gerou um problema para a Sony. Os varejistas tiveram que comprar o aparelho diretamente da fabricante por um preço que passou a incluir todas as taxas e tributos. O valor final ficou mais elevado do que o praticado quando os consoles entravam no país por outros canais. Mais caro para o varejista e para o consumidor, o PlayStation perdeu espaço, principalmente depois de a Microsoft iniciar a produção do Xbox 360 no país, no fim de 2011, e reduzir o preço do console em cerca de 40%.

Como resultado, o Xbox superou o PlayStation em vendas em 2012, tirando uma liderança que durava seis anos, segundo fontes do setor. O console da Sony continua, no entanto, a ter a maior base instalada no país: 3,3 milhões de unidades, ante 1,4 milhão do Xbox, segundo a IDG, consultoria e distribuidora de jogos na América Latina. A fabricante tem ainda uma base de 330 mil usuários do PSP e de 30 mil do PS Vita, estima a IDG. Para Tretton, os resultados dos últimos anos foram positivos e a produção local deixa a companhia em condição de competir de forma mais agressiva com a Microsoft.

Em 2012, as vendas de jogos e consoles no Brasil atingiram R$ 1,65 bilhão, 60% a mais que em 2011. A expansão mais acelerada veio da área de jogos, cujas vendas aumentaram 72%, para R$ 650 milhões. Em termos de unidades, o segmento de jogos quase dobrou, para 6,1 milhões. As vendas de consoles cresceram 54% em receita, para R$ 1 bilhão, e 19% em unidades, para 1,1 milhão, segundo a empresa de pesquisa GfK.

De acordo com Oliver Römerscheidt, diretor de pesquisa da GfK, a expansão é reflexo da migração dos consumidores do mercado cinza para o legalizado. "Há um foco no Brasil e um esforço [das companhias] para abrir escritórios, traduzir os jogos para o português e fabricar localmente. Isso ajuda a formalizar o mercado", disse. O crescimento nas vendas de TVs de tela fina também tem ajudado. "A alta definição é uma porta aberta para o videogame", disse Römerscheidt.

Agora Sony prepara o lançamento do PlayStation 4, apresentado em fevereiro, com a expectativa de chegar antes do Natal. De acordo com Tretton, a chegada da nova geração não significa que o PlayStation 3 chegou ao fim. "O PlayStation 2 ficou no mercado por 12 anos e era um enorme sucesso. Acredito que o PlayStation 3 [lançado em 2006] esteja no meio caminho ainda", disse.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Affonso Brandão volta à Semp Toshiba

Uma das mais tradicionais empresas brasileiras de eletroeletrônicos em operação, a Semp Toshiba fez ...

Veja mais
Coty se prepara para fazer oferta de ações em junho

A Coty, fabricante de perfumes que não conseguiu comprar a Avon por US$ 10,7 bilhões em 2012, vai tentar n...

Veja mais
Renner vale mais do que J.C. Penney

A Renner, maior rede de vestuário do país, alcançou neste ano um valor de mercado superior ao da J....

Veja mais
Seca e inflação desaceleram o Nordeste

A seca e a inflação, especialmente dos alimentos, tiraram ímpeto da economia do Nordeste. Os indica...

Veja mais
Em Salvador, salário já está 10% menor neste ano

Uma atividade menos aquecida e uma indústria em crise já começaram a causar consequências em ...

Veja mais
Remédio e vestuário mantêm inflação estável

Os alimentos estão perdendo fôlego em intensidade mais branda do que era projetado por economistas e a desa...

Veja mais
Safra brasileira aumenta lucros de transportadora

ALL vê volume de cargas crescer 7,3%, impulsionado por maior embarque de grãos e ganho de produtividade de ...

Veja mais
Inflação estraga festa das mães

Segunda data mais importante para o setor varejista terá crescimento de vendas modesto, o menor desde 2009, pegan...

Veja mais
Alimentos têm nova alta, diz pesquisa do Dieese

Os preços dos gêneros alimentícios essenciais continuaram em alta no mês passado. Segundo pesq...

Veja mais