Remédio e vestuário mantêm inflação estável

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Os alimentos estão perdendo fôlego em intensidade mais branda do que era projetado por economistas e a desaceleração esperada para esse grupo será insuficiente para fazer frente a reajustes de remédios e em vestuário, o que levará a inflação em abril a ficar praticamente estável em relação ao avanço de 0,47% no mês anterior. De acordo com a média das estimativas de 15 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai subir 0,48% em abril, com intervalo entre as estimativas de 0,42% a 0,54%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga hoje o dado.

Se confirmado o resultado esperado pelos economistas, o índice oficial de inflação acumulará alta de 6,42% nos últimos 12 meses, voltando, portanto, a se situar dentro da banda permitida pelo regime de metas de inflação. Em março, na mesma base de comparação, o IPCA superou o teto da meta ao marcar 6,59%.

Para os economistas, ainda que a inflação acumulada no período ceda, a aceleração do índice na passagem mensal não abre espaço para prognósticos mais animadores. Os alimentos, afirmam, estão demorando bem mais do que o esperado para perder fôlego e elevam os riscos de que a inflação oficial ao fim do ano supere os 5,8% observados no ano passado.

Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, estima alta de 0,49% do índice em abril, após ter reajustado sua projeção para cima em função do comportamento dos alimentos nas coletas de preços. "Estávamos contando com uma desaceleração maior do grupo alimentação e bebidas, o que, acreditamos, não se concretizou", afirma. Alessandra projeta alta de 0,68% do grupo em abril, ante aumento de 1,14% no mês anterior.

Mesmo a desoneração da cesta básica teve, até agora, pouco efeito, na avaliação da economista. "Por enquanto, as evidências sugerem que o impacto foi menor do que esperávamos, que era de 0,4 ponto porcentual a menos na inflação deste ano", afirma.

Fabio Romão, da LCA, traça cenário semelhante. Embora espere avanço de 0,85% do grupo alimentação e bebidas em abril, ele lembra que a expectativa era de perda mais intensa de fôlego de alguns preços, principalmente dos alimentos in natura. "Agora essa devolução só vai ocorrer em maio."

Em sua opinião, são questões de oferta que estão sendo preponderantes para explicar por que, até agora a inflação de alimentos não cedeu na intensidade esperada. O economista lembra que o rendimento médio nominal está desacelerando e que a inflação de serviços no primeiro trimestre foi menor do que nos mesmos período de 2011 e 2012.

Além da menor contribuição de baixa dos alimentos, também pesa na projeção de Alessandra para o IPCA a alta esperada de 2,5% dos produtos farmacêuticos, em função do reajuste de medicamentos anunciado no início de abril. Alessandra também estima alta mais forte de vestuário, de 0,79%, ante variação de 0,15% em março.

Também manterão o IPCA em torno de 0,50%, segundo Romão, algumas pressões concentradas em serviços. Saúde também terá alta mais forte, com avanço esperado de 0,79%, ante variação de 0,63% em março. Para Romão, no entanto, essas pressões são pontuais e a inflação de serviços, embora ainda em patamar elevado, deve desacelerar em relação ao ano anterior, para 8% em 2013.

Para Alessandra Ribeiro, como os núcleos (medidas que procuram reduzir a influência dos preços mais voláteis) ainda estão pressionados, não há sinais mais benignos para a inflação. Por causa das leituras mais altas do que esperado, Alessandra avalia que sua projeção de alta de 5,6% para o IPCA neste ano pode ser revista para cima, caso não sejam anunciadas novas desonerações.

O Itaú, por sua vez, mantém a estimativa de 5,6% para o índice ao fim do ano, principalmente por causa da projeção de que a inflação de alimentos vai desacelerar nos próximos meses. Ainda assim, segundo as estimativas do banco, se os alimentos subirem 0,90% e o índice confirmar a alta de 0,5% projetada para abril, a inflação de alimentos corresponderá à metade da alta de 6,44% do IPCA nos últimos 12 meses.

Romão, da LCA, já revisou para 7,6% sua projeção para o grupo alimentação e bebidas, mas não alterou sua estimativa de alta de 5,4% do índice oficial neste ano.



Veículo: Valor Econômico


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