Estocagem deve impulsionar o preço do café

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O Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 28 de março, atendeu a um dos pedidos das lideranças do setor produtor e aprovou o pagamento parcelado em 12 meses dos financiamentos de estocagem contraídos pelos cafeicultores junto a todas as fontes de recursos e não apenas o Funcafé. Os produtores interessados tem até 31 de maio para formalizar a reprogramação do pagamento e a primeira parcela deve ser quitada em junho. Essa decisão abrange 2 mil contratos, os quais correspondem a um volume aproximado de 2 milhões de sacas que deixarão de ingressar no mercado agora, evitando, portanto, uma sobreoferta às margens da entrada da nova safra.

Por outro lado, o CMN não consolidou a aprovação do novo preço mínimo para o café, que, após estudos realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), saltaria de R$ 261,69 para R$ 336,13 por saca da variedade arábica. Porém, através de acordo que firmamos com o governo, estipulou-se que o valor seria elevado para R$ 340,00, sendo este, inclusive, o nível que constou no voto encaminhado pelo ministro da Agricultura, Antônio Andrade, para o CMN.

Um dos motivos apresentados por representantes do governo federal para a não apreciação do voto foi que o assunto ficou para a "última hora", argumentação da qual o Conselhol Nacional do Café (CNC) discorda completamente, haja vista que se trata de um tema que temos tratado há um ano, desde abril de 2012.

Também não há razões para o governo mencionar que o preço precisaria de melhores análises, pois a definição desse patamar foi feita pela Conab, órgão estatal, a qual apurou com total idoneidade e responsabilidade as informações para se chegar a ele.

Por outro lado, o interessante é que, em conversas realizadas com representantes dos Ministérios da Agricultura e da Fazenda ao longo da semana, tivemos a confirmação de que o novo preço mínimo para o café será avaliado e aprovado pelo CMN na reunião ordinária deste mês, prevista para o dia 25.

Como o processo de colheita no Brasil se inicia, de fato, em maio, acreditamos que a definição dos R$ 340 para a saca de arábica sinaliza qual o investimento que o produtor poderá fazer em seus cafezais, acabando com a incerteza sobre quais patamares seriam os mais indicados para comercializar em função das oscilações de preço no mercado. Ao se concretizar o novo valor, teremos a certeza de que negociaremos, pelo menos, a R$ 340 nossa saca de café arábica, nível a partir do qual é permitida a continuidade da aplicação de bons tratos nas lavouras, o que evita o retorno de bienalidades acentuadas a cada ano safra.

Temos ciência que os custos de produção variam nas diversas regiões produtoras de café do Brasil, pois dependem da gestão do negócio, da qualidade e da condução da lavoura, da topografia da propriedade, do escoamento, das condições climáticas e da conseqüente produtividade. Entendemos, porém, que valores a partir de R$ 340 - piso para a plataforma de comercialização - são satisfatórios para que a maior parte do cinturão cafeeiro obtenha renda na atividade.

Um fato que sempre nos chamou e continua a chamar atenção ao longo de nossa vivência no mundo do café é como as crises desencadeiam especulações. Sejam para o bem ou para o mal, elas surgem aos montes e isso não contribui em nada, a não ser aos operadores/especuladores de mercado, que não compram e vendem, de fato, o café.  necessário salientar que há duas instituições que representam os cafeicultores do Brasil, que são o CNC, por meio das cooperativas e associações, e a Comissão Nacional do Café da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), através dos sindicatos e das federações estaduais.

E é válido frisar que tanto o CNC quanto a Comissão de Café da CNA endossam os estudos realizados pela Conab para a definição do novo preço mínimo, pois acompanhamos o levantamento e a metodologia empregada por meio de nossas representações regionais. Destacamos, também, que não se devem considerar propostas mirabolantes que vem surgindo nos últimos dias, haja vista que não há como implementar ideias e projetos sem o embasamento legal.

Além disso, já estão traçadas as proposições do setor produtor - conforme temos difundido em nossos balanços semanais -, que, na conjuntura atual, já tiveram a prorrogação da estocagem aprovada, restando, agora, a definição do novo preço mínimo e as subseqüentes implementações dos programas de Leilões de Opções e do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro).



Veículo: Diário do Comércio - MG


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