Cidades do interior terão mais shoppings que capitais

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Até o fim do ano, 51% dos empreendimentos estarão fora de grandes centros

Há 20 anos, 85% dos shoppings estavam nas capitais; alta na renda e falta de terrenos causam 'interiorização'

Os moradores de Sobral (CE), Araxá (MG), Açailândia (MA) e Votorantim (SP) terão algo em comum até o fim do ano: um shopping center.

A inauguração do primeiro centro de compras nessas cidades assinala um momento inédito do setor de shopping centers no Brasil.

Segundo projeções da Abrasce (Associação das Empresas de Shopping Centers), até o fim do ano mais da metade (51%) dos shoppings em operação no país estará em cidades do interior -serão 261 nesses municípios, ante 244 em capitais.

Há 20 anos, 85% dos shoppings estavam nas capitais.

A virada inédita ocorre graças ao perfil dos empreendimentos que entrarão em operação neste ano.

Do total de 48 inaugurações previstas, 34 ocorrerão fora da capitais -desse universo de cidades, 16 receberão pela primeira vez esse tipo de investimento.

A "interiorização" dos shoppings é um movimento que ocorre há pelo menos uma década, mas ganhou força nos últimos anos, diante do crescimento da renda em cidades médias e da escassez de terrenos nas grandes capitais, entre outros motivos.

"Com a expansão da renda, os 132 milhões de pessoas que vivem fora das regiões metropolitanas também passaram a ser um público em potencial para o setor", diz Cláudio Sallum, sócio da Lumine, empresa de gestão de shopping centers.

INCENTIVO

Outro fator que tem acelerado a migração para as cidades menores é o incentivo concedido por muitos governos, especialmente prefeituras, para a instalação dos empreendimentos.

"Para a cidade, é arrecadação garantida", afirma Luiz Fernando Veiga, presidente da Abrasce.

Segundo ele, os shoppings provocam a valorização dos imóveis na região em que estão localizados, podem gerar entre 2.000 e 3.000 empregos (dependendo do porte) e aumento de arrecadação com comércio e serviços.

Para os empreendedores, as grandes capitais também têm se tornado menos atrativas por causa da escassez e do alto preço dos terrenos, além da demora no processo de aprovação dos projetos por parte das autoridades.

"Há uma disputa grande dos terrenos com as incorporações de edifícios comerciais, que têm uma área útil maior e, portanto, podem trazer mais retorno ao investidor", diz Sallum, da Lumine.

Dados da entidade mostram que 30% dos shoppings em funcionamento no Brasil até o fim deste ano estarão em cidades com menos de 200 mil habitantes.

Nessa estatística constam municípios como Pouso Alegre (MG), com 135 mil habitantes, e Três Lagoas (MS), com 107 mil.

Londrina (PR), cidade média de 500 mil habitantes, receberá seu terceiro shopping.

Não existem, no entanto, perigo de uma superoferta, afirma Sallum.

"Todos as decisões de investimento são precedidas de estudos profundos sobre o perfil demográfico e de consumo da região."

 

Veículo: Folha de S.Paulo


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