Milho terá preço menor e condições facilitadas

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Estiagem severa é considerada crítica e o governo tenta reduzir os impactos

Serão disponibilizadas 280 mil sacas .

Os pecuaristas das regiões consideradas de emergência em decorrência da seca poderão adquirir, até maio, milho a preços mais competitivos e com condições facilitadas. A medida emergencial foi adotada para minimizar parte dos efeitos da seca na produção das regiões afetadas. A previsão é que sejam disponibilizadas, através de leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cerca de 280 mil sacas do cereal.

De acordo com o secretário adjunto de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Paulo Romano, o produto será entregue em sete postos estratégicos localizados nos municípios de Montes Claros, Januária, Janaúba, Salinas, Pirapora, Almenara e Teófilo Otoni.

Ainda segundo Romano, um dos critérios para a comercialização é o limite das aquisições, que será de até três mil sacas por comprador. A expectativa é que a cotação da saca de 60 quilos fique em torno de R$ 18,12, valor inferior ao preço praticado no mercado.

"Esta é uma contribuição emergencial para sanar parte da deficiência provocada pela seca na alimentação do rebanho. Sabemos que a disponibilização do milho a preços mais acessíveis não é uma solução, mas poderá reduzir as perdas nas regiões afetadas", disse.

De acordo com as informações da Seapa, a medida foi anunciada em reunião na Casa Civil da Presidência da República, na última quinta-feira, com representantes do governo de Minas Gerais e do governo federal.

O encontro foi o começo de uma discussão para a criação de medidas emergenciais com o objetivo minimizar o problema do abastecimento de milho destinado à produção animal nas áreas afetadas pela seca no semiárido brasileiro. A realização do leilão de milho veio para atender às reivindicações dos sindicados e das associações de produtores mineiros à Seapa.

A medida, que visa o abastecimento de milho em condições especiais aos produtores, é uma das adotadas pelo governo do Estado para dar suporte às atividades nas áreas atingidas em Minas. No mês passado o governo isentou o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para as vendas de animais vivos, com o objetivo de atrair compradores de outros estados e evitar a morte dos animais.

O secretário adjunto também relatou que existem outros projetos na pauta do governo que, quando adotadas, deverão minimizar os efeitos da seca.

"Precisamos quebrar o paradigma e mudar a cultura destas regiões. Existem várias opções que podem ser adotadas que vão contribuir para que a seca não provoque tantos prejuízos. Entre eles esta a substituição do plantio do milho pelo sorgo, que é mais resistente à estiagem e igualmente utilizado na composição da ração bovina. A cada dez safras de milho plantada na região, colhe-se apenas uma com alto rendimento", disse Romano.

Além disso, nos próximos anos, também será incentivado o plantio de palma forrageira, planta que é utilizada no Nordeste do Brasil e no México para a alimentação de ruminantes. "Trata-se de uma planta rústica, com grande capacidade de retenção de água, que é importante para a manutenção dos animais nos períodos críticos. Esta será uma estratégia bem-sucedida para a manutenção dos rebanhos do semiárido mineiro", disse Romano.

Ele ainda observa que é fundamental que se aproveite as águas obtidas com as chuvas. Além das construções de grandes barragens, é preciso que sejam implantadas centenas de pequenas barragens e cisternas próximas à população para atender às necessidades primárias de cada comunidade local.


Clima - A estiagem severa, registrada desde a safra 2011/12, vem comprometendo a produção de bovinos e grãos na região semiárida de Minas Gerais. A situação é considerada crítica e o governo vem aprovando medidas para reduzir os impactos.

Na semana passada, a presidente Dilma Rousseff anunciou investimentos de R$ 9 bilhões em ações de prevenção e superação da seca. Entre as novas ações estão a prorrogação dos prazos para quitação das dívidas agrícolas e o aumento da oferta de linhas de crédito para produtores, além de medidas emergenciais como a ampliação da oferta de água, perfuração e recuperação de poços artesianos, construção de cisternas para consumo humano e produção agrícola e disponibilização de caminhões-pipa.

Os recursos serão liberados de acordo com a demanda e a necessidade de cada Estado. Em Minas Gerais o montante deve ser utilizado para minimizar os efeitos da seca em 168 municípios, que juntos possuem uma população de 2,8 milhões de habitantes.

Dentre as ações planejadas está a ampliação dos projetos de construção de barragens, incluindo a retomada das obras de Berizal, em Taiobeiras, paralisada há mais de uma década.

Para o gerente regional do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), escritório regional de Januária, Geraldo Wellington Mota, as medidas anunciadas ao longo das ultimas semanas são importantes.

"A região está sofrendo com os efeitos da estiagem e as perspectivas são pessimistas, uma vez que estamos no final do período chuvoso e as precipitações foram insuficientes. Na região, toda a produção de grãos, principalmente milho e feijão, foi perdida. A produção de leite já caiu cerca de 25% e mesmo com a redução do ICMS para a comercialização de bovinos, as vendas não foram alavancadas e os animais estão morrendo por falta de alimentação. Os recursos irão amenizar os problemas, mas não resolvê-los, por isso é importante que os investimentos continuem ao longo do ano, mas que estejam focados na solução definitiva do problema", disse.

Em relação ao leilão de milho, o receio de Mota, é que os produtores tenham o acesso dificultado pelo transporte das sacas que serão disponibilizadas em sete pontos da região. Mesmo com a redução do ICMS, a comercialização do rebanho não foi alavancada.

"Nosso receio é que o milho não chegue a todos os municípios que estão sofrendo com a seca. A situação é complicada e o rebanho está morrendo. Os prejuízos são inúmeros e para evitar a morte de mais animais. Os bezerros que antes eram vendidos em torno de R$ 1 mil, são negociados atualmente a R$ 250. Mesmo assim as vendas são pequenas", disse Mota.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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