Retomada de investimento pode blindar varejo

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Mesmo com a perspectiva de ter um 2013 mais enxuto na comparação com o ano anterior, o setor varejista comemora incremento de vendas de 8,4% em 2012, ante os 6,7% vistos em 2011. Para não perder o fôlego e desacelerar, especialistas apontam que as redes tendem a tirar da gaveta projetos que ficaram em análise, e retomar os investimentos em expansão e modelos de pontos de venda.

As ações devem blindar o segmento, já que algumas medidas do governo podem não ter o efeito tão esperado este ano, como a previsão de aumento da taxa Selic nos próximos meses. É em que acredita Júlio Takano, presidente da Associação Brasileira da Indústria e Equipamentos e Serviços para o Varejo (Abiesv).

Para o especialista, se não houver investimentos por parte dos players, isso pode, de certa forma, intimidar o consumidor. "No ano passado, a possibilidade de a crise internacional chegar ao Brasil fez com que os investimentos previstos fossem reduzidos. Para este ano, eles terão de correr com os investimentos e com o que não foi feito no passado", disse.

Ainda segundo Takano, essa inserção de dinheiro na economia fará com que a intenção do consumo cresça e os varejistas consigam desempenhar novamente um bom desempenho de vendas. "Temos que fazer essa retomada de investimentos para blindar o setor", argumentou, em entrevista ao DCI. Além dessa injeção de investimento no mercado, os empresários do segmento devem dar atenção a fatores como o novo hábito de consumo. Somada a isso deve estar a cautela ao fazer promoções para atrair a atenção dos clientes. Takano, que também é proprietário da KT Soluções para o Varejo, afirmou que para atender essa nova demanda de hábitos diferentes é preciso agregar valor ao que é vendido no varejo.

"O consumidor brasileiro está profissionalizado, e os varejistas passaram a compreender que promoções, só, não o fazem comprar. É necessário agregar a operação e aos produtos comercializados o estilo de vida do consumidor, e não apenas vender commodities", explicou. Como exemplo desse modelo de negócios, o especialista citou o caso da rede espanhola de vestuário Zara, que muda o mix de roupas e acessórios à venda constantemente.

"A Zara conseguiu implantar esse modelo de negócios - estilo de vida - em suas lojas. O cliente da rede sabe que se não comprar aquele produto quando estiver na loja, não o encontrará posteriormente. Isso impulsiona a decisão de compra", completou ele.

Na Abiesv já existe a movimentação para ampliar modelos de negócio no País, como a das empresas fornecedoras de soluções (como tecnologia, mobiliário) para o varejo. "Em março começaremos a fazer um planejamento para que os dois setores consigam atuar em conjunto."

Apesar de o comércio ter apresentado crescimento muito acima do do Produto Interno Bruto (IPI) e dos demais setores da economia, como a indústria, por exemplo, dos oito setores analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa divulgada ontem, cinco apresentaram queda no período, sendo eles: hipermercados, supermercados e alimentos, que apontou queda de 0,3%; equipamentos de informática com recuou 15,5%; artigos farmacêuticos teve recuo de 3,6%. Outros artigos de uso pessoal apontaram retração de 4,1% seguidos do setor de livros e papelaria, com viés de baixa de 3,6%.

Na outra ponta, com crescimento significativo, os móveis e eletrodomésticos viram alta de 2,4% no período analisado; combustíveis e lubrificantes tiveram incremento de 0,2% - sendo esta a primeira leitura positiva depois de dois meses de queda. Também em crescimento ficou o setor de tecidos e vestuário com crescimento de 0,4%.

As vendas no comércio ampliado - somando carros e material de construção - avançaram 5% ante dezembro de 2011, e 1,3% na comparação com novembro. Essa alta foi puxada pelas vendas de Veículos, motos, partes e peças, que cresceram 8,3%. Para 2013, o IBGE estima que o comércio apresentará alta de 6%, índice, este, abaixo do visto no ano passado.

Para Eduardo Coutinho, professor de Economia do Ibmec, esse crescimento menor está em linha com o que ocorreu no setor em 2012. "O nível de atividade foi pequeno no ano passado e isso se repetirá esse ano", enfatizou ele. A explicação para essa desaceleração do setor, além do menor aumento da massa salarial na comparação no ano passado e do fim da desoneração do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI), está na sinalização do mercado de que acredita no aumento da taxa básica de juros (Selic) em breve. "O aumento da Selic está para acontecer, pode não ser na próxima reunião, mas logo ele ocorrerá. Isso faz com que o consumidor se preocupe com a alta dos juros e compre menos", explicou o especialista.

Neste ano, os setores de moda, beleza e alimentos podem ser os responsáveis pelo crescimento do varejo, na opinião dos dois analistas ouvidos pelo DCI.


Vendas podem crescer 3,2% no mês de fevereiro


As vendas  do varejo brasileiro devem registrar alta de 3,2% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado, segundo apurou o Índice Antecedente de Vendas divulgado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IAV-IDV).

De acordo com o levantamento mensal da entidade, a expansão da rede de lojas no período será um dos principais motivos da projeção otimista dos varejistas para o período. Ainda segundo dados do Instituto, o mês de março deve apresentar maior aceleração do ritmo de vendas. O próximo mês deve ter crescimento de vendas de 6,5%, e em abril, 9,5%, quando comparados com os mesmos meses do ano passado.

Segundo o IDV, essa estimativa também é sustentada pela expansão da rede de lojas, já que o crescimento real nas "mesmas-lojas" é estimado em queda de 4,5% e 1,5% em fevereiro e março, respectivamente e alta de 1,2% em abril. Embora o setor de bens não-duráveis tenha previsão de desaceleração neste mês, é esperado melhora nas vendas de 9,2% em março e significativos 15,4% em abril. "As despesas das famílias com as festas da Páscoa influenciarão positivamente as vendas do setor nos meses de março e abril", afirmou Flávio Rocha, presidente da entidade.


Veículo: DCI


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