Empresas tentam nacionalizar componentes de calçados esportivos

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O Brasil pode passar a produzir ao menos 24 componentes de calçados esportivos, hoje importados. Fabricantes de insumos calçadistas e grandes marcas esportivas travam negociações para tentar converter a sobretaxação de 18% para 25% sobre cabedais (parte superior dos calçados) e solados procedentes de países de fora do Mercosul, em estímulo à produção local.

"Os componentes hoje comprados no exterior são importados por uma questão de custo, não de tecnologia", afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couros, Calçados e Artefatos (Assintecal), Diogo Serafim. "Que a indústria brasileira consegue desenvolver tudo que desejar, consegue, a questão é fazer isso de forma competitiva", provoca o diretor-executivo do Movimento pela Livre Escolha (Move), André Raduan.

Depois da aprovação da Resolução Camex n. 70, em outubro de 2012, o Move, que representa as marcas Adidas, Alpargatas, Asics, New Balance, Nike, Penalty, Puma, Reebok e Skechers, entrou com um pedido de ex-tarifário, para poder continuar importando partes e peças não disponíveis no País ou não comercializadas a preços considerados adequados pelas marcas. Os fabricantes de componentes nacionais reagiram e estabeleceu-se então uma "agenda positiva".

"Chegamos a esta lista de mais de 20 itens, e mais de 50 fabricantes de componentes se propuseram a desenvolvê-los ", diz o representante da Assintecal. Assim, a iniciativa deve incentivar a transferência de tecnologia. Para isso, serão apresentados projetos ao Governo Federal, para o desenvolvimento de inovações, explica Serafim, porém ainda não há estimativas quanto ao valor dos investimentos necessários.

Embora sentem juntos para negociar, as partes mantêm divergências. "Somos drasticamente contra o aumento da taxação à importação de partes e peças, que parece ser para defender o emprego nacional, mas na verdade tira empregos do Brasil, pois acaba levando à importação de calçados prontos", argumenta o representante das marcas esportivas, cuja produção é terceirizada por fabricantes nacionais como Paquetá, Dass, Castro Alves, Aniger e Coopershoes.

Em números

Em 2011, foram produzidos no Brasil 81 milhões de pares de calçados esportivos, ou 10% dos 819 milhões de pares do mercado total de calçados. A produção de esportivos movimentou R$ 3,9 bilhões, ou 18% do valor total da produção de calçados em 2011, de R$ 21,8 bilhões. Atuam no segmento 281 empresas, de um total de 8,1 mil que compõem o setor.

A diferença entre a participação em valor e em volume se deve ao fato de o tênis ser um produto de alto valor agregado - o preço médio de produção de um par de esportivos era de R$ 48,56 naquele ano, 83% acima da média do mercado total de calçados, de R$ 26,57 o par (ou US$ 29 e US$ 15,87). Os números constam do anuário Brasil Calçados 2012, produzido pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi)

Dados da Assintecal apontam um aumento expressivo da importação de cabedais e de solados. Em 2012, a importação brasileira de cabedais somou US$ 84 milhões, 39% a mais que em 2011. Esses componentes vêm principalmente da China, do Paraguai e da Indonésia. Mesmo comportamento foi verificado nas importações de solados, que somaram US$ 315 milhões, 20% acima das de 2011. Os produtos foram comprados principalmente dos Estados Unidos e da China.



Veículo: DCI


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